BC vai exigir que bancos detalhem cálculo de risco climático

Bancos e outras instituições financeiras terão que detalhar mais os seus riscos climáticos. O Banco Central (BC) colocou em consulta pública nessa terça-feira (4) novos requerimentos para o Relatório de Riscos e Oportunidades Sociais, Ambientais e Climáticas (GRSAC).

“Em uma primeira etapa focamos em questões qualitativas, como estratégia e governança. A
nova norma trata da divulgação de aspectos quantitativos”, disse Isabela Damaso, diretora de
sustentabilidade e investidores internacionais do BC, ao Reset. Ela participou de evento “PRI in Person”, do Principles for Responsible Investment (PRI), em São Paulo.

Os novos requisitos estão alinhados ao Pilar 3 do Comitê da Basileia para Supervisão Bancária. Como a divulgação de risco quantitativo não foi um consenso entre os países membros do comitê, ficou a cargo de cada jurisdição decidir se iria adota-la.

O Banco Central do Brasil optou por torná-la obrigatória, e exigirá tabelas focadas nos riscos climáticos de cada instituição. Com isso, elas terão de calcular e tornar público quanto podem perder em caso de eventos extremos como secas ou enchentes, por exemplo.

“Essa regulação ocorre em um contexto de esforço global para padronizar a divulgação de
dados e permitir a comparabilidade entre eles”, afirmou Damaso.

Aberta a comentários até 13 de fevereiro, a consulta dará origem a uma nova norma, que
entrará em vigor em janeiro de 2027. A primeira divulgação acontecerá em 2028, tendo como
data-base o ano anterior. Instituições de menor porte, entre 0,1% a 1% do PIB, fazem parte do
grupo S3 e terão prazo maior para se adaptar, sendo a data-base inicial dezembro de 2028.

Eventos climáticos extremos têm o potencial de afetar a estabilidade financeira
por diferentes canais de transmissão. Levantamento do Banco Central apresentado no Relatório de Estabilidade Financeira de abril de 2025, o sistema financeiro brasileiro tem maior exposição ao risco de seca, aos biomas Cerrado, Mata Atlântica e Pampa, e ao setor de bens de consumo básico, que contém a agropecuária.

Apesar de Cerrado e Pampa serem os biomas com mais alta incidência de desastres, o
maior risco climático físico para as instituições financeiras se encontra na Mata Atlântica, pois é o bioma com a maior densidade populacional.