
O Prêmio Nobel de Química foi concedido a três pesquisadores cujo trabalho em estruturas moleculares pode ser a base de sistemas que filtram microplásticos e capturam carbono.
O japonês Susumu Kitagawa, o britânico Richard Robson e o jordaniano Omar Yaghi vão dividir o prêmio de 11 milhões de coroas norueguesas, cerca de R$ 5,9 milhões.
Eles desenvolveram o que o comitê do Nobel descreve como “quase quartos de um hotel, de onde moléculas hóspedes podem entrar ou sair”.
Essas estruturas são compostas de metais e moléculas orgânicas pelas quais passam gases e outros materiais. Os “quartos” podem capturar e armazenar dióxido de carbono ou PFAS, os chamados “químicos eternos” presentes em certos revestimentos.
Robson começou as investigações no final dos anos 1980, e o trabalho continuou nas décadas seguinte. Kitagawa e Yaghi ajudaram a estabilizar “arquitetura molecular” criada pelo britânico.
Uma das propriedades das estruturas é armazenar grandes quantidades de gases em um volume muito pequeno, “quase como a bolsa de Hermione de Harry Potter”, afirmou Richard Linke, presidente do comitê do Nobel de Química, no anúncio dos vencedores.
É uma referência à pequena bolsa da colega de Harry Potter, que comporta muito mais coisas que sugere seu tamanho.
Captura de carbono
Hoje, as estruturas organomoleculares são usadas em aplicações de pequena escala, mas existem tentativas de utilizá-las em grandes projetos.
Em entrevista à BBC, Robson afirmou não estar certo do potencial de sua invenção no combate à mudança do clima. “Fala-se de capturar CO2 e resolver o problema atmosférico, o que não me parece realista – mas esse tipo de composto pode fazer esse trabalho em escalas menores”, afirmou.
Os sistemas de captura de carbono podem ser divididos em duas grandes categorias. Uma delas retira o gás das fontes emissoras, como uma indústria, e outro sequestra o dióxido de carbono do ar.
Ambas as tecnologias têm potencial teórico, mas ainda custam caro e sua contribuição efetiva é pequena. Críticos apontam que, em vez de investir nesse tipo de solução, os esforços deveriam ser voltados ao corte de emissões de gases de efeito estufa.
* Imagem: Johan Jarnestad/Academia Real de Ciências da Suécia