FINANÇAS

BTG Pactual desenha fundo de private equity de impacto

Produto está em fase piloto e quem conhece detalhes diz que critério de seleção de ativos está mais para 'orgânico' do que 'vegano'

BTG Pactual desenha fundo de private equity de impacto

Depois de criar no começo deste ano uma área dedicada a impacto e ESG, o BTG Pactual está estruturando um fundo de private equity de impacto.

O fundo faz parte de um conjunto de produtos em fase de piloto do banco, que inclui ainda um fundo de infraestrutura e um fundo de crédito, ambos com filtros ESG (ambientais, sociais e de governança), segundo fontes ouvidas pelo Reset.

Quem está a par do assunto diz que ainda é cedo para dizer se todos esses fundos vão vingar e qual deles deve sair primeiro. Mas o fundo de private equity estaria em estágio mais avançado. O banco não quis comentar.

A ideia é que o fundo de impacto seja tocado pela mesma equipe responsável pelos demais fundos de private equity da casa, liderada por Renato Mazzola.

Nas conversas para medir o apetite do mercado, o banco tem sinalizado que a ambição é que o fundo seja grande para os padrões do segmento do impacto no país, algo da ordem de R$ 600 milhões a R$ 1 bilhão.

O mais provável é que as cotas sejam vendidas por meio de uma oferta pública (Instrução 400), mirando também investidores qualificados, aqueles com pelo menos R$ 1 milhão investidos.

Vegano versus orgânico

Pelo tamanho que pretende atingir, o fundo de impacto do BTG deve ser um bicho menos parecido com os fundos de venture capital de impacto ‘raiz’, como os da Vox Capital e da Mov Investimentos, e deve se aproximar mais do produto que a Vinci Partners colocou no mercado.

Ou seja, com tíquetes maiores para investir, o fundo deve buscar companhias de faturamento maior e, para isso, a régua para decidir o que é ou não um negócio de impacto deve ser mais flexível.

É o que alguns no mercado chamam de um fundo de impacto orgânico, em oposição ao que seria um fundo vegano, mais estrito em sua política de escolha de ativos.

Recentemente, o banco foi bastante criticado por quem segue a agenda de impacto e ESG de perto por estar coordenando a emissão de uma debênture da Engie para financiar uma térmica 100% a carvão. Os críticos consideraram incoerente o banco assumir tal mandato depois de ter criado sua área de impacto.