Presidente da COP30 faz apelo por coesão em meio a racha na reta final e cita Estados Unidos

O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, acaba de realizar uma sessão plenária informal em Belém com um forte apelo para que os países abandonem disputas para chegar a um consenso em torno do pacote de decisões que foi batizado de Mutirão e que reúne temais mais polêmicos.

O apelo foi feito minutos antes do início de uma reunião de ministros para discutir o tema começaria às 11h da manhã. 

A fala do embaixador acontece depois de uma divisão que levou à retirada do roadmap para eliminação dos combustíveis fósseis do rascunho mais recente divulgado esta manhã, e também do lançamento de uma declaração lançada pela Colômbia, com apoio de outros 24 países, para que o roadmap volte para a pauta. Estes países anunciaram a realização de uma conferência paralela para discutir o tema, em abril do ano que vem. 

Em um discurso forte, Corrêa do Lago mencionou diretamente os Estados Unidos, algo que tem sido evitado nas declarações oficiais.

Segundo ele, no momento em que “a maior economia do mundo saiu do Acordo de Paris e outros países ameaçam fazê-lo”, é hora de superar as divisões e fortalecer o regime.

“Todos nós que permanecemos no Acordo de Paris não podemos nos dividir”, disse. Segundo ele, existe uma percepção de divisão que tem a ver com o próprio mecanismo do Acordo, que demanda que todas as decisões sejam atingidas por consenso, mas que essa também é a fortaleza do regime. 

“O incêndio de ontem nos lembrou que, diante de crises, devemos responder juntos. Pessoas de diferentes cantos do mundo cuidaram umas das outras”, afirmou ele.

Segundo Corrêa do Lago, o espírito de cooperação tem que prevalecer sobre o “ganhar ou perder”. “Se não fortalecermos o Acordo de Paris, todos vamos perder. Vamos mostrar hoje para aqueles que duvidam que a cooperação é a melhor forma de lidar com a crise do clima. Temos que alcançar um acordo, ou aqueles que são contra ficarão encantados.”

“Estamos criando uma nova economia que oferece oportunidades incríveis de crescimento e de emprego. Esta é e precisa ser uma agenda positiva. Não pode ser uma agenda que nos divida.”

O presidente da COP ressaltou que, embora os rascunhos finais não reflitam a posição do Brasil nos temas, a presidência da COP não tentará forçar as decisões na direção do que defende o país anfitrião, mas que buscará o interesse comum.

Ele disse ainda acreditar que objetivos da COP foram alcançados, incluindo a conexão do processo com as pessoas comuns e a aceleração da implementação do Acordo de Paris.

“Também mudamos a percepção da relação entre clima e natureza. Todos viram a complexidade de se lidar com uma floresta e não só a necessidade instintiva que temos de protegê-la, mas também encontrar soluções para as pessoas que vivem nela.”