Depois da revolta dos funcionários e de críticas à falta de transparência e ao atropelo da governança interna, a iniciativa Science Based Targets (SBTi) voltou atrás e afirmou que não houve mudança de posição quanto ao uso de créditos de carbono nos planos net zero das empresas.
Em documento publicado há uma semana, o colegiado da entidade afirmava que os offsets seriam admitidos para abater emissões indiretas das companhias, o chamado escopo 3. A aprovação da SBTi é considerada o selo de mais valioso para os planos de descarbonização das empresas.
Uma curta nota de esclarecimento acrescentada ao pé da página da comunicação original diz:
“Não houve mudança nos padrões atuais da SBTi. Qualquer uso de EACs [certificados de atributos ambientais, que incluem créditos de carbono] serão embasados na ciência. Mudanças, incluindo o uso de EACs para o escopo 3, serão conduzidas de acordo com os procedimentos padrão previamente aprovados.”
Um paper com uma proposta preliminar será apresentado para discussão em julho, tratando de “potenciais mudanças” em relação às políticas para o escopo 3.
Depois disso, uma eventual nova posição ainda tem de passar pelo processo formal, que inclui consulta pública, revisão técnica e aprovação pelo conselho.
A admissibilidade dos créditos de carbono, por enquanto revogada, havia sido recebida com entusiasmo por empresas que desenvolvem projetos geradores de créditos de carbono, inclusive no Brasil, pois representava uma guinada na posição da SBTi, certificadora “padrão-ouro” dos planos net zero corporativos.
Dias depois, porém, uma comunicação interna vazada para a imprensa trouxe a público o descontentamento dos funcionários da organização, cuja sede fica em Londres. Eles pediam a reversão do anúncio e a saída do CEO, o brasileiro Luiz Amaral.
Além do adendo publicado em seu site, a SBTi ainda não se manifestou oficialmente sobre a crise.