A Solinftec, startup de agricultura de precisão, emitiu R$ 150 milhões em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) verdes, com o objetivo de reforçar a posição de caixa, alongar sua dívida e alavancar seu ritmo de crescimento à frente.
Foi a quarta emissão de CRA feita pela companhia desde 2019 e a terceira com o selo verde dado pela Climate Bond Initiative (CBI). Até hoje, a empresa já captou mais de R$ 500 milhões em títulos do tipo.
Estruturada pela Opea Securitizadora e coordenada pelo Itaú BBA, a operação foi dividida em duas séries, uma de R$ 98,74 milhões, com taxa de juro de CDI mais 5,5% ao ano; e outra, de R$ 51,26 milhões, com remuneração de IPCA mais 11,6971%, rendimento atrativo num momento de Selic em queda. A emissão tem prazo de cinco anos e carência de dois anos.
Entre os compradores dos papéis estão private banks, family offices e gestoras de fundos de crédito, além de pessoas físicas. Segundo a empresa, a demanda pela oferta chegou a superar o total de R$ 150 milhões.
Segundo a CFO da Solinftec, Laís Braido, a empresa atingiu o break even e a captação deve ajudar a recolocar a startup nos trilhos do crescimento que vinha experimentando nos anos anteriores. Neste ano, a receita recorrente da empresa deve ser de R$ 300 milhões.
“Historicamente, temos crescido 50% ao ano. Neste ano, equilibramos um pouco mais a posição de caixa com 20% de crescimento e, a partir do ano que vem, já com essa equalização de fluxo financeiro, voltamos a retomar esse crescimento.”
Em 2022, a Solinftec levantou R$ 243 milhões via emissão de debêntures conversíveis com os fundos Blue Like an Orange, Lightsmith Group e Unbox Capital – veículo da família Trajano, controlador da rede varejista Magazine Luiza – que já era acionista da empresa.
Neste ano havia intenção de fazer nova rodada, que não se concretizou por conta das condições de mercado e desempenho da empresa. Mas, com a perspectiva de melhora dos resultados à frente, a executiva não descarta que a startup passe por uma rodada de equity em 2024.
Para o diretor de renda fixa do Itaú BBA, Caio Viggiano, o sucesso da emissão é exceção à regra em um mercado de capitais ainda avesso ao risco, especialmente em casos como o da Solinftec, de capital fechado e ainda sem rating público. “Mostra o ótimo trabalho que a companhia vem fazendo desde [a primeira emissão de CRA em] 2019”, avalia.
Criada por um grupo de engenheiros cubanos em 2007 em Araçatuba, no interior paulista, a empresa trabalha com soluções tecnológicas no campo – utilizando inclusive inteligência artificial –, especialmente para monitoramento da produção de cana de açúcar, além de outras culturas como café, grãos e citros.