A Morfo, startup francesa que realiza reflorestamento com o auxílio de drones, acaba de captar € 4 milhões e concluir a extensão de sua rodada seed. Ao todo, a empresa levantou € 11 milhões (cerca de R$ 64 milhões no câmbio atual) em um trabalho de captação que começou há dois anos.
O principal investidor foi o Teampact Ventures, um fundo de venture capital europeu que reúne atletas para investir em startups com impacto social ou ambiental positivo. Nesta operação, participaram o jogador de futebol Raphaël Varane, vice-campeão mundial com a França na última Copa do Mundo, e Antoine Dupont, um dos ídolos da seleção francesa de rúgbi.
Também fizeram aportes outros players europeus de venture capital: RAISE Seed For Good, Demeter e Alliance for Impact (AFI) Ventures. O prazo de investimento é de cerca de sete anos.
“A primeira coisa que faremos com o recurso é acelerar o que já temos no Brasil. Faremos isso abrindo nosso primeiro laboratório [no Rio de Janeiro] para alavancar nossa capacidade de pesquisa e desenvolvimento, e acelerar os processos operacionais, científicos e de inteligência artificial para que possamos garantir que conseguimos dar escala ao nosso negócio”, diz o co-fundador da Morfo, Pascal Asselin.
O objetivo principal da companhia é fazer com que, nos próximos dois anos, os processos que hoje são usados para analisar e monitorar 1 mil hectares sejam igualmente rápidos e eficientes quando usados para 10 mil hectares, sem qualquer ruído ou prejuízo nas operações.
A técnica de reflorestamento da Morfo consiste na disseminação de cápsulas com sementes germinadas. No primeiro ano, a cada dez cápsulas lançadas, oito sobrevivem, de acordo com a startup. Em cada ecossistema, são necessárias entre 30 e 50 espécies diferentes para recompor a flora local.
Uma vez germinadas, o acompanhamento ao longo de anos é essencial para o trabalho, já que ocorre a interação com animais e com diversos eventos meteorológicos e climáticos. Essa análise, feita com o uso de imagens de satélites e captadas por drones, gera terabytes de dados.
“Hoje, nós conseguimos analisar 1 mil hectares em menos de cinco minutos no computador. Temos várias pesquisas para garantir que conseguimos ter imagens com alta resolução desde o início do crescimento das árvores, para entender onde estão, como se deu a biodiversidade e quanta biomassa existe ali. Um passo seguinte é disponibilizar essas informações na plataforma para que os stakeholders de cada projeto possam acessá-las”.
A startup conta com 19 projetos atualmente, distribuídos entre a Guiana Francesa e o Brasil – na Bahia, no Rio de Janeiro e, mais recentemente, no Pará. São cerca de 600 hectares em diferentes estágios de reflorestamento.
Quando chegou no Brasil, há um ano, o foco da Morfo estava na Mata Atlântica. Com pouco mais de 10% de sua floresta nativa, o desmatamento e a disputa de terras acabam sendo tópicos mais pacificados do que na Amazônia.
“Entendemos que seria mais fácil começar a operar ali”, diz Assalin, “Mas quando começamos a escalar projetos, falar com desenvolvedores de projetos de carbono e buscar investimentos brasileiros e estrangeiros, entendemos que eles estão com um grande foco na Amazônia, por diversas razões.”
A Morfo começou, então, seu trabalho de entender o ecossistema, as sementes e as espécies que serão necessárias para seus projetos. O primeiro projeto na Floresta Amazônica será para reflorestamento de uma área usada por uma mineradora.
A meta global da startup é restaurar 100 milhões de hectares até 2050.