A empresa de restauração florestal Re.green anunciou que a Microsoft é a primeira cliente de seus créditos de carbono. A empresa vai comprar 3 milhões de toneladas ao longo de 15 anos. O valor da transação não foi divulgado.
É a segunda aquisição desse novo tipo de crédito que a companhia faz no país. Em dezembro, a Microsoft havia se comprometido a comprar até 1,5 milhão de créditos da Mombak, outra startup de reflorestamento brasileira.
Re.green e Mombak vendem remoção de carbono da atmosfera por meio do plantio de árvores. Hoje, a maior parte dos projetos brasileiros que geram esse tipo de ativo se dedica a evitar o desmatamento, também conhecido pela sigla REDD+.
Em dois anos de operação, a Re.green adquiriu 26 mil hectares, divididos entre cinco propriedades: três na Bahia, uma no Pará e uma no Maranhão.
Metade desse total corresponde a áreas restauráveis. Os créditos vendidos para a Microsoft serão gerados em cerca de 16 mil hectares. A Re.green já iniciou o trabalho em 9 mil deles, e o restante virá de áreas a serem adquiridas.
A aproximação com a gigante americana do software – detentora do maior valor de mercado do mundo, US$ 3,08 trilhões nesta sexta-feira – foi feita por Bernardo Strassburg, um dos cofundadores da startup.
“Ele nos apresentou porque percebeu que as ambições das duas empresas eram parecidas, em relação à integridade dos créditos e o uso da ciência”, diz Mariana Barbosa, diretora jurídica e de relações institucionais da re.green.
A Microsoft tem um dos planos de descarbonização mais ambiciosos do mundo. Sua meta declarada é atingir um balanço negativo de gases de efeito estufa em 2030. Até 2050, pretende neutralizar todo o carbono emitido desde sua fundação, em 1975.
Além das chamadas soluções baseadas na natureza, como o plantio de árvores, a companhia é uma das mais atuantes no nascente mercado de remoção de CO2 por instalações tecnológicas.
Também esta semana, foi anunciada a compra de 3,3 milhões de créditos da empresa sueca Stockholm Exergi, que vai construir um sistema de captura de carbono em suas usinas geradoras de eletricidade.
No ano passado, a Microsoft fechou a compra de 10 mil toneladas da suíça Climeworks, que desenvolve um sistema para sugar o CO2 diretamente do ar. Cada crédito corresponde a uma tonelada de carbono retirada do ar ou cujo lançamento foi evitado.
Há um mês a Re.green sofreu um revés temporário no processo que vai permitir a emissão dos seus créditos. A Verra, entidade que faz a certificação dos projetos, apontou problemas na documentação apresentada.
Uma correção foi submetida, mas ainda não houve um pronunciamento da certificadora. Barbosa afirma que o fechamento do negócio mostra que o episódio não afetou a credibilidade da companhia.
Em março, a Apple fez um aporte de valor não revelado na Symbiosis com a intenção de adquirir os créditos de carbono resultantes da restauração da Mata Atlântica.