A startup Seedz, que criou uma plataforma digital para conectar as várias pontas da cadeia do agronegócio, acaba de levantar cerca de R$ 85 milhões numa rodada que atraiu a gestora de venture capital Vox, focada em investimentos de impacto.
O aporte de US$ 16 milhões foi liderado pela Alexia Ventures e trouxe também Volpe Capital, The Yield Lab, Tridon, 10b (da Tarpon), Endeavor Scale-Up e Parceiro Ventures.
Atuando num dos setores ainda menos digitalizados da economia, a Seedz nasceu em 2017 inicialmente como um programa de fidelidade para conectar as grandes fornecedoras do agro, como indústrias e distribuidoras de insumos e maquinários, a seus clientes.
Uma vez que o agricultor compra poucas vezes ao ano, há quem perca entre 25% e 30% de seus clientes anualmente, diz o co-fundador e CEO Matheus Ganem.
A cada compra dentro da plataforma, o cliente ganha Moedas Seedz e pode trocá-las por produtos e serviços ou receber um cashback.
Com mais de mil empresas em sua plataforma — incluindo gigantes como a John Deere, de máquinas agrícolas, e a Yara, de fertilizantes — e mais de 80 mil agricultores ativos, a Seedz ampliou seu escopo para oferecer serviços e profissionalizar a jornada do agricultor.
“Começamos a pensar: qual a dor dos agricultores na base? Para muitos, é planejar ou gerir esses negócios”, diz o CEO.
A startup criou o Seedz Farm, um aplicativo que ajuda com gestão de safra, que inclui ferramentas que para cálculo de rentabilidade, por exemplo.
Outra oportunidade vislumbrada pela empresa foi na área de financiamento, seja com capital próprio ou por meio de parceiros – sempre usando sua base de dados para ter acesso ao perfil de crédito e minimizar o risco de inadimplência.
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Neste ano, já foram mais de R$ 500 milhões em crédito e a intenção é usar parte da captação para fortalecer essa vertente.
O aporte série A vem um ano depois de uma rodada semente de valor não revelado, ancorada por Volpe e 10b.
Nos seus seis anos, a Seedz já esteve ligada a mais de R$ 50 bilhões em transações de empresas para agricultores e, além do Brasil, atua em nove países na América Latina, como Argentina e Paraguai. O valuation da startup para a captação atual não foi informado.
Do azul ao verde
A Vox Capital está estreando no agro, com seu primeiro investimento no setor por meio do fundo Tech For Good Growth. Parte da tese de impacto é o aumento da renda e da eficiência dos agricultores, diz a diretora de venture capital da gestora, Livia Brando.
Dar tal apoio para os agricultores é parte da trajetória para que adotem práticas mais sustentáveis “A gente diz que antes de ir para o verde, o agricultor precisa ir para o azul”, afirma Ganem.
Na frente ambiental, o impacto positivo se materializa nos incentivos de melhor manejo de solo e adoção de práticas sustentáveis. Por meio da plataforma, a Seedz dá maiores bonificações para aquisição de produtos biológicos em vez de químicos, por exemplo.
Os recursos captados na rodada série A serão utilizados ainda para uma estratégia de fusões e aquisições que deve fortalecer os serviços oferecidos na plataforma.
A internacionalização também está no radar. “Percebemos que a engrenagem funcionou, e não serve só para o Brasil”, diz Ganem. “A maioria das nossas empresas clientes são multinacionais e as características do agricultor se assemelham em diferentes países.”
Até agora a internacionalização da Seedz se deu, principalmente, via extensão de contratos que já tinham no Brasil. O foco, num primeiro momento, é a América Latina, “do México ao Uruguai”.
