
Sinal de turbulência na oferta e demanda de SAF, o combustível sustentável de aviação, alerta a associação do setor. No Brasil, decreto criou comitê técnico para a implementação do mercado regulado de carbono. BNDES libera mais dinheiro para a Eve, braço de “carros voadores” da Embraer. Leia mais nesta edição de Verdinhas, a seção de notas do Reset.
Turbulência no SAF
A produção mundial de combustíveis sustentáveis para a aviação (SAF) deve chegar a 1,9 milhão de toneladas em 2025, o dobro em relação a 2024, segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês). Mas o crescimento deve desacelerar em 2026, para produção de 2,4 milhões de toneladas, por falta de apoio de políticas públicas.
A desaceleração é crítica porque o Corsia, acordo de descarbonização internacional da aviação, entra em sua fase obrigatória justamente em 2027. Além disso, mandatos de combustíveis sustentáveis já estão em vigor na Europa e o Brasil estreia o seu também em 2027.
Para o diretor-geral Willie Walsh, a combinação de baixa oferta e metas obrigatórias de governos está prejudicando o setor. “Se o objetivo dos mandatos era desacelerar o progresso e elevar os preços, os formuladores de políticas acertaram em cheio”, disse durante evento promovido na sede da Iata, em Genebra.
R$ 200 milhões pelos ares
A Eve Air Mobility, empresa da Embraer que desenvolve veículos elétricos de decolagem e pouso vertical (eVTOL), recebeu R$ 200 milhões de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O aporte conta com R$ 160 milhões do Fundo Clima e R$ 40 milhões do Finem (linha de crédito para inovação) e será usado para preparar o veículo para as fases de testes – necessários para obter o certificado da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
O projeto tem 2,8 mil pedidos de encomenda de clientes em nove países, segundo Aloizio Mercadante, presidente do BNDES. Desde 2022, o banco aprovou R$ 1,2 bilhão em crédito para apoiar a Eve em diferentes etapas do desenvolvimento.
$ para enterrar CO2
O BNDES aprovou um financiamento de R$ 384,3 milhões para o projeto de estocagem de carbono da FS, produtora de etanol de milho. A nova fábrica irá aproveitar a produção do biocombustível para comprimir, injetar e armazenar o gás no subsolo.
O projeto é o primeiro do país a combinar captura de carbono à produção de bioenergia e usa uma tecnologia específica para isso (BECCS, na sigla em inglês). A estimativa é remover cerca de 423 mil toneladas por ano da unidade de Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso.
Empregos verdes
Trabalhadores com cargos ou habilidades “verdes” no Brasil têm 59% mais chances de contratação em comparação à média geral do mercado no país, segundo o LinkedIn. Os setores que mais empregam profissionais com habilidades ou cargos verdes em 2025 foram: construção (29% dos profissionais), agricultura, pecuária, produção florestal e pesca (26%) e petróleo, gás natural e mineração (24%). O estudo é baseado em dados da própria plataforma.
Comitê do mercado de carbono
O governo federal criou por decreto um comitê técnico permanente para apoiar a implementação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE), que regulamenta o mercado regulado de carbono. O grupo, formado por 11 ministérios e órgãos como a Casa Civil, Advocacia Geral da União (AGU) e Comissão de Valores Mobiliários (CVM), terá a função de orientar regras, metodologias e procedimentos do sistema. A medida é mais um passo para operacionalizar o mercado de carbono.
Destinação de resíduos
Em 2024, o Brasil produziu cerca de 81,6 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos, um aumento de 0,75% em relação ao ano anterior. Do total gerado, cerca de 41,4 milhões de toneladas (60%) receberam destinação ambientalmente adequada, principalmente em aterros sanitários, embora 40% ainda tenham sido dispostos de forma inadequada, segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2025 divulgado pela Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente.
O termômetro em alta
Novembro foi o terceiro mês mais quente já registrado, com temperatura 1,54°C acima dos níveis pré-industriais, segundo o serviço europeu Copernicus. Com isso, 2025 caminha para ser o terceiro ano mais quente já registrado. A instituição alerta que os últimos três anos representam um período em que a temperatura média global ficou acima do limite que, se mantido, pode desencadear mudanças irreversíveis no clima.
A fatura ambiental
O mundo perde US$ 45 trilhões por ano – ou US$ 5 bilhões por hora – em danos ambientais derivados da forma de produção de alimentos e energia, estima o Global Environment Outlook (GEO), relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). O estudo aponta que a pressão aumenta com o crescimento populacional e a maior demanda por comida e energia, ainda baseadas em sistemas poluentes.
O GEO também destaca US$ 1,5 trilhão em subsídios ambientalmente prejudiciais, destinados aos setores de combustíveis fósseis, agricultura e mineração. O fim ou redirecionamento desses recursos poderia reduzir em até um terço as emissões globais.