KPTL fecha investimento em duas novas govtechs

Prosas, que ajuda na seleção de projetos sociais, receberá R$ 4 milhões; Colab, que conecta cidadãos a serviços públicos, também terá aporte

Cidades com soluções inteligentes
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De olho nas possibilidades que a digitalização do setor público trouxe nos últimos anos, a gestora de venture capital KPTL está reforçando o portfólio nessa frente com aporte em duas novas govtechs, como são conhecidas as startups que trabalham com soluções para o governo.

Serão investidos R$ 4 milhões na Prosas, startup de Belo Horizonte que dá apoio tecnológico a governos e iniciativa privada na seleção de projetos sociais e culturais.

O fundo GovTech, gerido em conjunto com a Cedro Capital, também fez uma nova rodada de investimentos na Colab, que oferece soluções para conectar os cidadãos a diferentes serviços públicos. O valor não foi divulgado.

As startups buscam atender a demanda crescente vinda das esferas estadual e, principalmente, municipal. 

No caso do Colab, a eleição municipal de 2012 – a primeira com presença massiva do Facebook – foi o primeiro vento que indicou o crescimento do  engajamento, segundo o CEO da startup, Gustavo Maia.

“As pessoas queriam ter voz. A gente nasceu para ser uma plataforma em que o cidadão vai ter voz e vai agir para o governo trabalhar melhor”, afirma Maia.

Nesse contexto, o Colab logo ganhou notoriedade. Em 2015, sua solução móvel foi considerada uma das cinco melhores para cidades do mundo, num mercado ainda inexplorado.

Hoje, a empresa trabalha com prefeituras de todo país. Cidades como Recife, Maceió, Aracaju, Santo André e Niterói estão entre seus clientes. Governos estaduais também são atendidos pela empresa: a modernização da Consulta Popular do Rio Grande do Sul – instrumento de participação popular na gestão estadual – foi feita em parceria com o Colab.

Na Prosas, a gestão de editais sociais e culturais é o carro-chefe. Criada em 2015 por Thiago Alvim, um ex-gerente de projetos do governo de Minas Gerais, a startup não pretendia trabalhar inicialmente com o poder público. O foco estava apenas no investimento social privado, conectando empresas e projetos de impacto social de forma on-line.

“A realidade se impôs: como a gente discute impacto social no Brasil sem olhar para o governo? E a tecnologia que tínhamos, para selecionar projetos e acompanhar projetos, resolvia a dor da iniciativa privada e resolvia a dor de governos também”, afirma Alvim.

O criador da startup identificou um mercado a ser explorado tendo em vista o caráter ainda analógico de muitos editais lançados pelo país. “Antes da pandemia, era muito comum ver pilhas de papel de propostas enviadas [em editais]”, recorda.

A Prosas já fez a gestão de mais de 1,5 mil editais de projetos sociais e culturais em sua plataforma. A startup viu seu negócio crescer de forma acelerada no segundo semestre deste ano e o aporte da KPTL vem justamente para melhorar a infraestrutura e tecnologias dos serviços da empresa.

Mercado em expansão

Há dois anos e meio, a KPTL lançou seu veículo de govtechs, o Govtech Brasil FIP Capital Semente, que começou a operar no ano passado. Nesse meio tempo, recebeu aportes tanto de companhias privadas, caso de Multi e Positivo, quanto de entidades de fomento de governos estaduais como AgeRio e Badesul, totalizando R$ 200 milhões.

Em junho deste ano veio a entrada na primeira investida: a startup gaúcha Augen, que trabalha com soluções de inovação no setor de saneamento. O investimento foi de R$ 4 milhões. Em setembro, o fundo foi um dos veículos selecionados pelo BNDES em chamada pública para venture capital e capital semente para receber R$ 50 milhões do banco oficial.

Para o gestor do fundo, Adriano Pitoli, há um grande mercado a ser explorado – especialmente fora do governo federal, que tem apostado fortemente na digitalização de seus serviços nos últimos anos. 

“Quando a gente pensa em serviços públicos estaduais e, principalmente, municipais, ainda tem um enorme caminho para percorrer, para melhorar indicador de qualidade, de acesso, de qualidade, de transformação digital”, avalia.

Pitoli defende também a necessidade de desmistificar os contratos com o setor público. “É difícil? É. Mas ninguém tem vida fácil. Não existe essa distinção tão grande entre vender para setor privado e vender para governo.”