Em fundo anjo de ex-alunos da Dom Cabral, o impacto vem na frente

Grupo batizado de “FDC Angels” é a primeira associação de ex-alunos que se reúne para investir em startups com foco em ESG

Em fundo anjo de ex-alunos da Dom Cabral, o impacto vem na frente
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Ex-alunos de GV, Insper e outras faculdades de negócios de primeira linha do país já apoiam startups nascentes por meio de fundos anjo. Agora, um novo integrante da legião promete uma tese de investimento ainda mais angelical.

Cinco profissionais formados pela Fundação Dom Cabral lançam hoje um grupo de investidores anjos com foco exclusivo em startups voltadas para negócios de impacto e estratégias ESG. 

“Queremos ser o berçário de futuras grandes empresas de impacto”, afirma Alexandre Scotti, um dos fundadores e CFO do grupo batizado de FDC Angels. Segundo ele, a falta de capital alocado nas startups de impacto no estágio inicial de suas vidas ainda é uma grande lacuna de mercado.

O veículo do projeto é uma associação por meio da qual outros ex-alunos da escola podem se tornar investidores e participar progressivamente das investidas. Anjos costumam fazer aportes quando os empreendedores estão começando a tirar as ideias do papel e ainda não têm a estrutura necessária para procurar fundos de capital de risco.

O investidor anjo corre mais riscos, pois aposta em ideias que muitas vezes estão contidas em apresentações de Power Point — a mortalidade das startups nessa fase é alta.

Por outro lado, como diz um clichê surrado do Vale do Silício, é a oportunidade de entrar no elevador no térreo, antes que ele comece a subir.

Muitos grandes nomes que conhecemos foram apoiados por anjos. Em 1998, quando dois estudantes da Universidade Stanford estavam criando um novo tipo de mecanismo de buscas na internet, um de seus professores, Ram Shiram, colocou US$ 250 mil na empresa — o Google.

Pouco depois, o próprio Shiram foi trabalhar para uma outra startup, na época uma loja de livros online chamada Amazon, e convenceu seu novo chefe a ser mais um anjo do Google. Jeff Bezos também investiu US$ 250 mil de seu dinheiro na ideia. O resto é história.

O FDC Angels também está dando seus primeiros passos. O grupo está fazendo um levantamento para identificar startups que possam receber recursos.

Scotti estima que os futuros investimentos feitos pelo grupo devam variar entre R$ 100 mil e R$ 2 milhões, dependendo das necessidades específicas da empresa iniciante.

O CFO do grupo também confirma a intenção não só de participar de futuras rodadas de investimentos, como de fazer investimentos em conjunto com outros grupos e entidades. 

Embora não seja formalmente parte do grupo de investidores, a Fundação Dom Cabral está disposta a oferecer parte de seu corpo docente para auxiliar os empreendedores, algo que costuma ser o grande diferencial de investimentos anjo que partem de instituições de ensino

A fundação funcionará como o elo que conecta os participantes do FDC Angels, já que os membros fundadores esperam que outros ex-alunos se juntem ao grupo e participem das investidas.

Em princípio, o grupo vai procurar oportunidades em seis verticais: agronegócio, mineração, saúde, serviços financeiros, educação e empreendedorismo social. 

Sair do eixo Rio-São Paulo é uma das prioridades do FDC Angels. O grupo acredita que bons negócios acabam não recebendo a atenção devida por não estar nos dois grandes centros econômicos do país.

Para fazer isso eles se beneficiarão das conexões estabelecidas pela fundação que os ampara. “A Dom Cabral tem uma rede de associados bastante extensa, o que nos auxiliará neste propósito de alcançar oportunidades nos quatro cantos do país”, explica Scotti.

Ex-alunos de outras renomadas escolas de negócios, como a Fundação Getúlio Vargas, a Escola Politécnica da USP e o Insper, também criaram fundos de anjos semelhantes — e essas experiências indicam que o potencial de crescimento é grande.

O GVAngels (FGV), por exemplo, já fez aportes totais de R$ 35 milhões em 35 startups. O Poli Angels (Escola Politécnica da USP) e o Insper Angels também seguem crescendo e contam, respectivamente, com 19 e 11 startups em seus portfólios.

O FDC Angels é o único desses fundos que vai olhar exclusivamente para negócios de impacto.