Lula e Greta

Belém – A sexta-feira ensolarada em Belém começou com longas filas para entrar na Zona Azul, devido aos bloqueios feitos por manifestantes indígenas na área de acesso ao espaço onde acontecem as negociações oficiais da Conferência do Clima da ONU.

Lula não teria mais nenhuma aparição formal na conferência, mas é esperado para a Marcha pelo Clima neste sábado (15). Talvez tenha ouvido o recado do povo Munduruku (e da ONU). E talvez volte com uma companhia badalada: Greta Thunberg.

O retorno de Lula – e de Greta?

Um dos eventos mais aguardados da COP30, a Marcha pelo Clima pode contar com duas presenças para lá de ilustres na manhã deste sábado: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ativista sueca Greta Thunberg. A Cúpula dos Povos, que organiza o evento, diz que o presidente é esperado.

Nesta sexta-feira (14), indígenas da etnia Munduruku bloquearam a entrada da Zona Azul, espaço de negociações diplomáticas da COP30, exigindo uma audiência com Lula. Na sua ausência, o presidente e a diretora-executiva da COP30, André Corrêa do Lago e Ana Toni, dialogaram com os manifestantes logo pela manhã e, aos poucos, a entrada foi sendo liberada. 

Isso fez com que o dia começasse com longas filas e desorganização na entrada, além de muitas reclamações de participantes.

Já a imprensa local especula que Greta Thunberg possa vir a Belém. Ela é crítica das COPs, em especial as dos últimos anos, que aconteceram em países com regimes autocráticos ou ditatoriais. Mas há rumores de que ela poderia vir para a Marcha pelo Clima, que vai do Mercado de São Brás até a Aldeia Cabana na manhã deste sábado. 

O custo do clima

A Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg) calculou que eventos climáticos extremos custaram R$ 184 bilhões no Brasil entre 2022 e 2024. Desse valor, apenas 9% tinham seguro. Isso significa que 91% dos prejuízos foram arcados diretamente por governos, empresas e famílias.

Segundo o presidente da CNSeg, Dyogo Oliveira, a baixa cobertura de seguros coloca o país atrás de outras regiões: na Europa, 44% das perdas são seguradas; na América do Norte, 55%; e, na América Latina, 13%.

Os dados são de um relatório lançado nesta sexta-feira (14) pela associação na Casa do Seguro, evento paralelo à COP30. Na próxima semana, a CNSeg lançará duas ferramentas para apoiar decisões e mapear vulnerabilidades climáticas para seguradoras.

Em 2024, o setor desembolsou R$ 60,4 bilhões em indenizações, sendo R$ 7,3 bilhões ligados a eventos climáticos, o equivalente a 12% da carteira de danos. No agronegócio (o segmento mais afetado) secas, vendavais e chuvas fortes causaram perdas de R$ 30,4 bilhões no primeiro semestre de 2025 e um acumulado de R$ 313 bilhões na última década.

Por trás dos números

Um levantamento da CDP, organização global sem fins lucrativos, mostra que 72% das empresas têm iniciativas de redução de emissões em andamento, mas apenas 11% têm investimento de capital alinhado às suas estratégias de transição. 

O relatório “Dos planos ao capital: desbloqueando financiamento de transição confiável em grande escala” trouxe dados de quase 12 mil empresas globais. Na América Latina, onde 791 empresas divulgaram indicadores de planos de transição, 52% adotam ações para reduzir emissões, mas apenas 8% reportam destinar recursos financeiros alinhados às suas metas de transição. 

Investimentos na Amazônia

O Amazon Biodiversity Fund (ABF, na sigla em inglês) atingiu a marca de R$ 185 milhões em investimentos em projetos de impacto e economia verde no Brasil. Ao todo, o fundo conta R$ 200 milhões em recursos sob gestão. Segundo Andrea Rezende, gerente de investimentos da Impact Earth, os outros R$ 15 restantes serão aplicados em empresas que já fazem parte do portfólio.

A lista de investidas conta com Belterra, Mahta, Nossa!, Cacau Amazônia e Inocas. O ABF também investiu no consórcio liderado pela Systemica, que assinou em julho deste ano um acordo com o Governo do Pará para a primeira concessão para reflorestamento de terras públicas no Brasil com aproveitamento de Créditos de Carbono de Restauração (ARR).