A JBS, maior processadora de carne do mundo, tornou-se alvo de uma ação movida pela procuradoria-geral de Nova York contra suas subsidiárias americanas JBS USA Food Company e JBS USA Food Company Holdings.
Trata-se de um revés importante em seus planos de listar ações na Bolsa de Nova York. A operação não tem data marcada, mas era esperada para os próximos meses.
A procuradora-geral Letitia James acusa a companhia de praticar greenwashing, explorando “os bolsos dos americanos comuns e a promessa de um planeta saudável para as gerações futuras.”
James ganhou notoriedade nos últimos meses com o processo civil movido contra Donald Trump por exagerar seu patrimônio. O ex-presidente foi condenado há duas semanas a pagar uma multa de US$ 355 milhões, valor que chega a US$ 450 milhões com o acréscimo de juros.
A JBS estaria violando as leis americanas ao dizer que pretende zerar suas emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2040, ao mesmo tempo em que pretende expandir sua produção e aumentar sua pegada de carbono, de acordo com a procuradoria.
A ação aponta que a empresa assumiu seus compromissos sem ter calculado o impacto de toda a sua cadeia de suprimentos, composta por milhares de pecuaristas que criam os animais em terras que podem estar associadas ao desmatamento da Amazônia.
“Em 2021, o Grupo JBS, empresa-mãe global da JBS USA, registrou emissões globais totais de mais de 71 milhões de toneladas, mais do que as emissões totais de alguns países.”
Notícias Relacionadas
Marfrig é a nova aposta do fundo ‘turnaround’ climático da Fama
Frigorífico é o segundo investimento de veículo que mira em grandes emissores de gases de efeito estufa
Por que está todo mundo falando de agricultura regenerativa (até um surfista)
Não existe uma definição universal nem uma receita, mas o objetivo é claro: recuperar a saúde do solo e dos ecossistemas e respeitar a natureza. Os gigantes do agro estão aderindo – e lucrando
A ação pede que a companhia pare de divulgar sua campanha de net zero, faça auditorias independentes e pague multas e indenizações, a serem definidas em julgamento, pelas violações legais.
“Mesmo que tivesse desenvolvido um plano para ser net zero até 2040, o Grupo JBS não poderia cumprir viavelmente sua promessa, pois não existem práticas agrícolas comprovadas para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa a zero líquido na escala atual do grupo.”
A procuradoria lembra que a companhia tem feito publicidade desses compromissos, incluindo um anúncio de página inteira no jornal The New York Times, em 2021, em que divulgava suas metas.
No começo do ano passado, a JBS já havia recebido uma recomendação por parte do National Advertising Division, que faz a autorregulação do mercado publicitário nos Estados Unidos, para deixar de fazer afirmações “infundadas e enganosas para os consumidores.”
A JBS recorreu da decisão, mas não teve sucesso.
Em nota divulgada à imprensa, a companhia disse que discorda da ação, mas não detalhou os pontos de discordância. “A JBS continuará a colaborar com agricultores, pecuaristas e parceiros em nosso sistema alimentar em todo o mundo para ajudar a alimentar uma população em crescimento, ao mesmo tempo em que utiliza menos recursos e reduz o impacto ambiental da agricultura.”
No fim do ano passado, James entrou com uma ação contra a gigante dos alimentos e bebidas PepsiCo, por poluir o ambiente e colocar em risco a saúde pública devido à utilização de plástico em seus produtos.
