
Um aumento da produção, a fragilidade da economia global e a crescente frota de veículos elétricos na China deve causar um excesso de oferta de petróleo e derrubar os preços em 2026. A previsão é de Saad Rahim, economista-chefe da Trafigura, uma das maiores tradings de commodities do mundo.
Novos projetos, inclusive no Brasil, devem contribuir para esse cenário. “Vai ser difícil fugir disso, seja um excesso de oferta ou um superexcesso”, disse Rahim em evento de apresentação dos resultados anuais da empresa.
O golpe duplo de superoferta e desaceleração da demanda devem derrubar os preços do petróleo bruto, que já estão em baixa. O petróleo Brent, que serve como principal marcador de preço para a commodity, registra queda de 16% em 2025, caminhando para seu pior ano desde 2020, primeiro ano da pandemia de Covid-19.
Também faz parte da equação a tentativa do governo dos Estados Unidos de manter baixo o preço do petróleo. Donald Trump, que usa a frase “drill, baby, drill” (perfure, bebê, perfure) como um de seus bordões, concedeu bilhões de dólares em incentivos fiscais para que as petroleiras americanas aumentem a produção.
China
Rahim aponta que a demanda da China, o maior importador de petróleo do mundo, deve crescer mais lentamente no próximo ano. O motivo é a crescente frota de veículos elétricos, que reduziu a demanda por gasolina.
A produção de veículos elétricos ou híbridos na China aumentou 34,4% entre 2023 e 2024, representando cerca de 41% da produção total de veículos no ano passado. Em 2023, a fatia desse mercado havia sido de 30,7%.
O país aproveitou os baixos preços deste ano para abastecer seu estoque estratégico de petróleo. “A China precisa manter esse ritmo de compras para que o excesso de oferta não apareça ainda mais cedo”, afirmou Rahim.
Em 2024, a Trafigura declarou-se culpada à justiça dos Estados Unidos pelo pagamento de propina a autoridades brasileiras para garantir negócios com a Petrobras. A companhia concordou em pagar cerca de US$ 127 milhões como multa.
O esquema foi no âmbito da Operação Lava Jato, que apurava o pagamento de propinas a funcionários da Petrobras. Segundo a justiça americana, a Trafigura lucrou aproximadamente US$ 61 milhões com o esquema.