Radar Reset: A doação de Zuckerberg pró-democracia e outras leituras recomendadas

Um trocado pela democracia

Mark Zuckerberg anunciou a doação de US$ 300 milhões para garantir a saúde de eleitores e profissionais que trabalharão na eleição presidencial americana em meio à pandemia. O movimento jogou lenha na discussão sobre manter o ‘business as usual’ enquanto se doa dinheiro para resolver gaps sociais e ambientais ou integrar essas preocupações ao modo de se fazer negócios. Ninguém esquece o papel desempenhado pelo Facebook nas últimas eleições americanas e, para os críticos, esse dinheiro mal começa a reparar os danos à democracia do país.

Previdência verde

O plano do governo Trump que dificulta a integração de fatores ESG aos planos de previdência privada provocou forte reação contrária de algumas das maiores gestoras de fundos. Reportagem da Bloomberg mostra que casas como Fidelity, BlackRock e State Street dizem que não faz sentido o argumento de que a integração de fatores ESG às decisões de investimento prejudica o rendimento. O plano do governo estaria atendendo a um lobby do setor de óleo e gás. 

Sem subsídio…

O governo retirou via Medida Provisória os subsídios a novas usinas de fontes renováveis de energia, algo que já estava no radar do setor há três anos. A lógica é que o subsídios faziam sentido 10 a 15 anos atrás, quando a energia eólica ou solar não tinha preços competitivos. Mas avaliação é que agora os setores já conseguem caminhar sozinhos.

…e feliz

Num caso raro em que o setor privado aplaude a perda de um benefício fiscal, as associações de energias renováveis elogiaram a medida. Avaliam que cria uma regra de transição que elimina uma insegurança jurídica e acaba com um incentivo que não era sustentável a longo prazo e iria onerar cada vez mais os consumidores.

Diálogo difícil, acordo distante

O Ministério Público Federal pediu o afastamento de diretores da Vale, sinalizando que o diálogo entre o órgão e mineradora está truncado. O MPF quer que a mineradora desembolse R$ 54 bi em indenizações para Brumadinho. A Vale afirma ter feito ações concretas e por isso o valor destinado à indenização pode ser menor — R$ 6 bilhões. Para o mercado, a situação significa incerteza jurídica e traz o entendimento de que a companhia está longe de encerrar as pendências com Brumadinho.

Chuteiras da equidade

Depois de anos sob críticas, a CBF anunciou que as jogadoras das seleções femininas de futebol passaram a receber diárias de valor igual à das equipes masculinas. Até aqui, as jogadoras recebiam metade do que ganhavam os colegas nos jogos no país e ainda menos nas partidas fora. Duas mulheres também assumiram a coordenação das seleções e competições femininas. No país do futebol, que a mudança sirva de exemplo para o mundo corporativo.

Outras leituras

• Como investidores pressionaram petroleiras a acordarem para o risco das mudanças climáticas (FT)
• Bank of America vai priorizar gestoras com práticas de diversidade (FT) 
• Banco do Brasil é o maior credor de setores que desmatam no país, diz estudo (Folha)
• Análise do parlamento europeu considera Corte de Haia para salvar Amazônia (UOL)
• Por que um fundo ESG de US$ 3,6 bi aposta em Amazon e Starbucks (Barrons)
• Gestores de ativos pressionam Bruxelas para adiar regras de investimento sustentável (FT)
• Os scores ESG não são suficientes para alcançar um futuro ‘net zero’ (Bloomberg)
• Por que os investidores estão ávidos por carros movidos a hidrogênio (FT)
• Por que mais empresas apostam na economia circular (Estadão)
• A sustentabilidade empresarial e suas três armadilhas (Neofeed)

(Crédito da foto: David Lezcano/Unsplash)