Novo leilão do Tesouro focará em recuperação de pastagens

Dentro do Eco Invest, meta será recuperar 1 milhão de hectares degradados com projetos de produção sustentável

Novo leilão do Tesouro focará em recuperação de pastagens
A A
A A

O Tesouro Nacional está preparando o segundo leilão do Eco Invest, programa do governo para atrair capital privado internacional para financiar a transição da economia para baixo carbono no Brasil. 

Os bancos serão chamados a apresentar projetos para tomar uma linha de crédito subsidiada para financiar projetos de recuperação de terras degradadas, especialmente as relacionadas a pastagens

“Vamos anunciar em breve um chamamento para instituições financeiras que viabilize algo como um milhão de hectares recuperados e transformados em produção sustentável”, disse Rogério Ceron, secretário do Tesouro Nacional, no 7º Fórum Brasil de Investimentos, que acontece nesta segunda-feira (28), em São Paulo. 

Segundo ele, essa linha pode alavancar “com certeza mais de uma dezena de bilhões de reais em investimentos”. Os projetos de recuperação de áreas degradadas deverão vir casados com atividades sustentáveis, como a produção de biocombustíveis, SAF (combustível de aviação sustentável) e reflorestamento. 

Essa linha de crédito subsidiado a bancos usa o modelo de blended finance, em que o capital catalítico (filantrópico ou subsidiado) entra para reduzir custos ou mitigar riscos, atraindo recursos privados em maior escala. 

Ceron contou que o objetivo é que sejam feitas novas chamadas temáticas no ano que vem. A jornalistas, o secretário não revelou quais são os outros temas estudados, além de recuperação de terras degradadas, apenas que o Tesouro tem US$ 2 bilhões para serem leiloados para essas linhas em 2025.  

O novo edital deve sair ainda este ano, e os bancos devem ter até o primeiro bimestre de 2025 para a entrega das propostas, segundo Ceron. 

“É um chamamento ousado, esperamos contar com a rede de parceiros para que essa PPP na área de crédito produtivo continue a funcionar muito bem”, disse. 

O primeiro leilão do Eco Invest, que foi voltado a projetos da economia verde de uma forma ampla, atraiu demanda de R$ 7 bilhões do programa, o que alavancaria R$ 45 bilhões de recursos privados. 

A previsão é que os projetos e bancos contemplados nesse primeiro leilão sejam anunciados nas próximas semanas. 

Próximos passos

Outros três instrumentos dentro do programa estão em processo de regulamentação e também terão leilões, assim como a linha de blended finance. 

Uma dessas linhas será voltada para prover liquidez em momentos de estresse cambial. “Isso é um problema na atração de capital externo para cá”, observou Ceron.

Outro eixo está relacionado ao fomento de hedge cambial, buscando reduzir os riscos em relação ao retorno dos projetos em moedas fortes.

A terceira frente é a criação de veículos financeiros para financiar a primeira etapa dos projetos de transformação ecológica, o que está sendo trabalhado junto com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

“Estamos discutindo a criação de veículos, uma espécie de FIP [fundo de investimento em participações] voltado só para a estruturação de projetos, que financie a primeira fase do ciclo, de fato estudos ambientais, de engenharia, econômico”, explicou Ceron. 

A expectativa é que até o primeiro semestre de 2025 essas regulamentações estejam prontas e novos leilões nessas temáticas possam acontecer.