Um terço das ações de rating da Moody’s em todo o mundo em 2019 citaram questões ambientais, sociais e de governança (ESG) como riscos relevantes de crédito, num sinal claro do quanto esses fatores vêm ganhando relevância no custo de captação das empresas.
Dentro deste recorte, a governança foi o fator mais mencionado, em 88% das vezes, seguida pelo social, com 20% das menções e o ambiental, com 16%, mostra um balanço divulgado pela agência de classificação de risco nesta semana (a soma é maior que 100% porque, com frequência, houve menção a mais de um fator).
Nem sempre o trio ESG foi o principal motivo para as ações de rating, mas quando esses pontos foram o motivo preponderante, motivaram mais ações negativas (19% dos casos) do que positivas (12%).
Na maior parte dos casos (69%), as questões ESG foram consideradas neutras, ou seja, apontadas como uma questão considerada ‘material’ para a qualidade de crédito e que os investidores devem acompanhar como um risco potencial para o negócio.
“Questões ESG provavelmente terão importância crescente na nossa avaliação de qualidade de crédito, impulsionadas por fatores como regulações ambientais mais estritas, e a atenção reforçada do público a questões como mudança climática, sustentabilidade e diversidade”, disse Swami Venkataraman, vice-presidente sênior da Moody’s em nota.
A Moody’s considera como ações de rating downgrades ou upgrades na nota de crédito; mudanças na chamada ‘perspectiva’ das notas, o que indica uma probabilidade de rebaixamento ou elevação no médio prazo; ou a colocação das notas em revisão para possível piora ou melhora.
Entre os exemplos de casos em que o ESG foi fator relevante para mudança de crédito, a Moody’s cita o rebaixamento da Vale após o rompimento da barragem de Brumadinho, e o corte nas notas das montadoras Daimler e Ford por conta das pressões de custo ocasionadas por regulações mais restritivas para emissões de poluentes na Europa.
Outro caso notório foi a redução da nota da Johnson & Johnson’s, condenada pela Justiça de Oklahoma a pagar indenizações multimilionárias por fomentar da maneira indiscriminada o uso de analgésicos opióides que causam dependência.