O Itaú Unibanco e a Enel acabam de anunciar dois contratos que abastecerão 80% das agências bancárias do Itaú no Brasil com energia de fonte renovável a partir do próximo ano.
Por meio de um dos contratos, com prazo de dez anos, a Enel X, linha de negócios da Enel que oferece soluções para a transição energética das empresas, construirá 46 usinas solares de geração distribuída em 14 estados, com capacidade de 54,7 MWp .
Mas isto não significa que os clientes do Itaú encontrarão painéis solares nas agências do banco.
Estas usinas injetarão no Sistema Interligado Nacional (SIN) energia solar equivalente a 80% do consumo médio de 1.557 agências do Itaú de menor porte, num modelo de geração distribuída. É o maior contrato do tipo firmado pela Enel em todo o mundo.
Em outra frente, 564 agências com patamar mais elevado de consumo serão abastecidas por contratos de energia renovável por meio do mercado livre de energia. Hoje o acesso a esse mercado, em que o cliente pode escolher o fornecedor e firmar contratos bilaterais de energia, é viável apenas para unidades que consomem acima de 500 KWh ao mês.
Foi firmado um contrato de oito anos com a Enel Trading, que garantirá 1TWh.
As duas iniciativas correspondem, aproximadamente, ao consumo médio de mais de 1 milhão de residências no Brasil em um mês, afirma Francisco Vieira, diretor de agências do Itaú.
Polos administrativos e centros de operações do banco já operam com energia renovável proveniente do mercado livre.
As empresas não revelam o valor dos contratos. O que afirmam é que o investimento inicial na construção das usinas ficará por conta da Enel.
Segundo Francisco Scroffa, executivo responsável pela Enel X no Brasil, serão instalados 75 mil painéis solares. “Os investimentos neste tipo de projeto, num patamar de mercado, custariam 50 milhões de euros, mas as condições do contrato com Itaú são diferentes”, afirma.
Além da oferta de energia, a Enel vai fornecer ao Itaú um sistema de monitoramento e geração de relatórios de sustentabilidade chamado UBM (Utility Bill Management). Por ele será possível monitorar indicadores de sustentabilidade e agregar dados de emissões para reportar a pegada de carbono.
Esta não é a primeira iniciativa do Itaú na adoção de energia solar.
O banco já tinha uma rede de painéis solares que abasteciam agências em Minas Gerais, mas com o contrato com a Enel, a transição energética das agências vai a outro patamar.
“Era um volume menor que 10% da capacidade de consumo das agências. Com esta parceria, cerca de 80% do nosso consumo virá de fontes renováveis”, afirma Vieira, diretor de agências do Banco.
Com a parceria, o Itaú diz que vai evitar a emissão anual de cerca de 10 mil toneladas de CO2.
Vale lembrar, contudo, que quando falamos de instituições financeiras, o consumo de energia das agências não é um dos temas mais materiais para a redução das emissões de gases de efeito estufa; o maior impacto da atividade está na descarbonização da carteira financiada.
“De fato, as emissões de escopo 3 [da cadeia de valor] em instituições financeiras chega a ser 700 vezes maior que a soma dos escopos 1 e 2 [das emissões próprias e de energia]”, diz Luciana Nicola, diretora de Relações Institucionais e Sustentabilidade.
A meta do Itaú é de cortar suas emissões de CO2 em 50% até 2030 e chegar a zero em 2050, incluindo a carteira financiada.