Num momento em que as áreas de wealth management, voltadas para a gestão do patrimônio dos super endinheirados, estão começando a reforçar sua equipe com especialistas ESG, a Veedha, um escritório de agentes autônomos da XP, decidiu se adiantar e acaba de contratar um assessor para liderar uma mesa de investimentos sustentáveis.
É uma novidade entre escritórios de assessoria financeira ligados a plataformas de investimento.
A área será comandada por Luiz Fernando Quaglio, que tem 13 anos de experiência em gestão de carteira de investimento nos mercados imobiliário e financeiro.
Agora quer levar sua expertise para guiar os clientes do varejo mais premium na transição para uma carteira com produtos mais sustentáveis.
“Já tem uma parcela dos clientes que pergunta e tem interesse em investimentos ESG — ou no mínimo mais alinhados com os seus valores de vida”, diz Quaglio, que teve passagens pela AVG Capital, escritório associado ao BTG, e a Necton.
“Mas eles ainda não sabem como fazer a transição de portfólio e se sentem inseguros para diferenciar se o produto [financeiro] é efetivamente o que diz e se ele não está comprando gato por lebre.”
Com R$ 3 bilhões sob gestão e mais de 3 mil clientes, a Veedha é o décimo maior maior escritório da XP e o tíquete médio investido de seus clientes é de cerca de R$ 1 milhão.
Fundada por executivos egressos do private do Banco Fator, a Veedha costuma atender clientes com pelo menos R$ 300 mil investidos, mas quer acomodar todo tipo de investidor na sua mesa ESG.
Quaglio acredita que, da mesma forma que acontece com os variados tipos de fundos de investimentos, com estratégias muito diferentes entre si, é necessário traduzir as diferentes mandatos ESG, mostrar o que há por trás desses produtos e portfólios e como eles se encaixam nas carteiras dos clientes.
O movimento da Veedha segue a forte investida da XP em produtos voltados para ESG, desde que uma área dedicada foi criada em maio.
No mês seguinte, a XP criou uma área de ‘sustainable wealth’ liderada por Marina Cançado, que tem entre seus mandatos leva o conteúdo ESG para a rede de agentes autônomos.
Formado em relações internacionais e com boa parte da carreira construída em cima de investimentos imobiliários, Quaglio já tinha interesse pelo tema e desde o ano passado está cursando uma pós em gestão sustentabilidade pela UFRJ.
Com o avanço da temática ESG no mercado brasileiro neste ano, decidiu juntar os dois mundos e desenhou um projeto para apresentar para alguns escritórios. A Veedha logo topou.
“O investimento de impacto e ESG é uma questão que já vem sendo trazida por uma parcela de nossos clientes, especialmente os qualificados, há alguns anos, e a pandemia acelerou essa tendência” diz Graziela Suman, uma das sócias-fundadoras da Veedha. “Mas antes só havia produtos para investidores profissionais e agora isso está mudando.”
Mas há oferta de produtos suficientes para construir uma carteira mais sustentável e diversificada?
Segundo Quaglio, o foco no começo vai ser na educação em relação a esses produtos e na transição de portfólios. “No começo, não necessariamente o cliente vai trocar toda a carteira, mas vai começar a pensar nisso em uma parcela do portfólio. É um processo.”
Em renda variável, diz, com a oferta disponível de produtos, entre ações e fundos nacionais e internacionais, já é possível fazer uma carteira mais completa para quem tem perfil moderado de risco.
A tendência é que apareçam também produtos voltados para renda fixa e investimentos alternativos, completando em breve a lacuna para os outros tipos de investidor.
Mais que atender os investidores já interessados, a ideia é ajudar a construir a demanda e mostrar a toda carteira de clientes esse tipo de investimento.
Além de atender sua própria carteira de clientes, Quaglio vai dar apoio de forma transversal aos mais de 50 assessores que fazem parte da Veedha.
“É um mercado ainda muito em construção, mas não tenho dúvida de que essa demanda vai se consolidar. O investidor brasileiro é muito rápido em capturar tendências”, diz.
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