O Daycoval acaba de captar mais US$ 151 milhões (ou cerca de R$ 800 milhões) para financiar pequenas e médias empresas lideradas por mulheres ou localizadas em regiões carentes do país, num aporte de quatro investidores internacionais coordenado pela International Finance Corporation (IFC).
A nova injeção de recursos vem menos de seis meses depois de o banco receber US$ 384 milhões para a mesma finalidade, em outra operação também liderada pelo braço de investimento no setor privado do Banco Mundial.
Na época, a IFC entrou com US$ 130 milhões e foi acompanhado por mais dez bancos, entre nomes nacionais e internacionais. Desta vez não houve desembolso do organismo multilateral.
“Estamos falando de um volume total de US$ 535 milhões somados os recursos da IFC e dos bancos. É uma das maiores operações que a IFC já mobilizou no Brasil”, aponta Rogério Santos, executivo da IFC responsável pela área de instituições financeiras.
A reabertura da operação em tão curto espaço de tempo reflete tanto o maior apetite dos credores por empréstimos com viés social no país, quanto uma demanda forte por esse tipo de financiamento do lado dos tomadores, diz Paulo Saba, diretor de tesouraria do Daycoval.
“O mundo está cada vez mais consciente na alocação sustentável dos recursos, nesse caso com o ângulo social. Com a expansão do banco já bastante razoável, temos cada vez mais capacidade de alocação final desses recursos junto ao tomador”, afirma o executivo.
O perfil dos quatro credores deste segundo empréstimo denota o interesse por operações com perfil social no Brasil.
Entraram os bancos BNP Paribas, da França, e a Sumitomo Mitsui Banking Corporation, do Japão, além da Cargill Financial Services, braço financeiro da gigante das commodities. Completa a lista a Blue Orchid, uma gestora de fundos de impacto focada em microfinanças controlada pela Schroders.
“Há cada vez mais uma multiplicidade de atores interessados em operações com o perfil ESG”, diz Santos, da IFC.
Assim como na primeira tranche de empréstimo, do volume total captado, 25% terão de ser destinados a pequenas companhias pertencentes ou lideradas por mulheres. Outros 30% irão para empresas de áreas em que a relação entre crédito e PIB é inferior à média nacional — notadamente as regiões Norte e Nordeste.
As instituições não abrem o custo do empréstimo, mas afirmam que ele foi feito a condições de mercado. O prazo médio do funding é de três anos para a IFC e de dois anos para os demais credores.
Como a carteira de PME tem prazo médio de seis meses, os recursos são suficientes para quatro giros de carteira “ou alongmento desse prazo onde for possível”, adiciona Saba, do Daycoval.
Com uma carteira de crédito de R$ 36,6 bilhões ao fim do ano passado, o banco já tem tradição em empréstimo para PMEs e uma relação longeva com a IFC, de mais de 14 anos.
Não é a primeira vez que Daycoval e IFC fazem uma operação do tipo.
Em 2017, o banco já tinha captado US$ 275 milhões junto à instituição multilateral para financiar mulheres empreendedoras, numa iniciativa pioneira no país naquele momento.