Belém está com a casa praticamente em ordem para receber a COP30, promete o governo do Pará. A reforma do aeroporto acabou, mas quem for de jatinho pode pagar caro no “estacionamento”.
Em meio à crise de hospedagem, Lula disse que pode dormir em barco e o secretário do meio ambiente de São Paulo está considerando igrejas para poder participar do evento. Mesmo com o novo prazo, as metas climáticas dos países (as NDCs) estão em baixa, o que acende alerta para as negociações.
Prazo não é o forte
Os países ganharam um prazo a mais para apresentarem suas metas atualizadas de redução de emissões de gases de efeito estufa, as NDCs. O prazo inicial era fevereiro, mas foi adiado para 30 de setembro. Até esta data, apenas 56 países cumpriram a tarefa, segundo a ONU. Depois do prazo, apenas o Quirguistão submeteu sua NDC.
A ausência das NDCs da União Europeia e da Índia, emissores de peso, além da saída dos EUA do Acordo de Paris, acende alerta para as negociações. O presidente Lula criticou a falta de cooperação internacional no enfrentamento à crise climática, na Assembleia Geral das Nações Unidas, na semana passada, em Nova York.
Hotel? Não, barco
Em evento no Breves, no Pará, o presidente Lula disse nesta quinta-feira (2) que pretende dispensar quarto de hotel e se hospedar numa embarcação. “Enquanto os gringos estiverem dormindo, eu vou estar pescando. Quem sabe eu consigo pegar um filhote, um pirarucu”, disse. Ele não especificou a que tipo de embarcação se referia.
Drama sem fim
Os secretários de clima e meio ambiente do Estado e da cidade de São Paulo ainda não têm hospedagem para a conferência. José Renato Nalini, da prefeitura, afirmou que considera se hospedar em alguma igreja de Belém. Natália Resende, do governo estadual, conta que sua equipe ainda está cotando reservas. As informações são da Folha de S. Paulo.
Ambos justificam a demora em reservar quartos aos preços de hotéis em Belém. Nalini, que assumiu a secretaria municipal em 2024, disse à Folha que conta com a recepção de entidades religiosas.
Em agosto, igrejas cristãs de Belém criaram uma plataforma de hospedagem gratuita ou com preços acessíveis. Elas esperam oferecer de 1.000 a 3.000 leitos na capital e região metropolitana.
Casa arrumada – ou quase
A estrutura para receber a COP30 está praticamente concluída, segundo o governo do Pará.
No momento, as obras pendentes são: a ponte no distrito de Outeiro, que vai ligar os distritos de Icoaraci e Outeiro, na região metropolitana de Belém; um porto em que os dois cruzeiros que vão oferecer cabines de hospedagem vão ficar; e o canal da avenida Almirante Tamandaré, que promete controlar o fluxo das marés. Elas devem ser entregues nas próximas semanas.
As reformas no aeroporto também foram entregues – com um mês de atraso. O investimento foi de meio milhão de reais e inclui o aumento no número de portões, áreas comuns e espaços para aeronaves. A área de embarque cresceu quase três vezes, dos atuais 1.593 m² para 4.303 m².
Estacionamento salgado – para jatinhos
A Líder, uma empresa que faz táxi aéreo no aeroporto de Belém, está sendo pressionada por órgãos como a Casa Civil da Presidência da República e o Ministério de Relações Exteriores para baixar o preço do pacote para as delegações estrangeiras que, eventualmente, vierem com aviões particulares para a COP30.
Ela está cobrando US$ 400 mil (R$ 2,1 milhões) para “hospedar” as aeronaves em seu hangar, valor mais caro do mundo, segundo o levantamento do governo. A preocupação no Planalto é de que essa cobrança inviabilize a vinda até de delegações já confirmadas. A Líder não confirmou os valores e disse à Folha que sua precificação reflete os custos envolvidos.
Voluntários
Cerca de 1.500 participantes do programa de voluntariado da COP30 receberam seus certificados nesta semana, em Belém, e estão aptos a trabalhar na conferência em atividades como recepção de participantes, suporte logístico e auxílio na execução de serviços. As informações são do governo federal.
O número preenche apenas 34% do total de vagas oferecidos nos dois editais. Segundo a organização da COP30, um outro grupo está em fase final de formação, podendo alcançar mais de 2.000 voluntários certificados. O voluntariado é restrito a moradores de Belém e região metropolitana. Eles receberão alimentação, transporte e uniforme oficial.