A Órigo Energia acaba de receber um investimento de R$ 106 milhões da gestora de impacto Blue Like an Orange Sustainable Capital. O dinheiro, injetado por meio de uma estrutura mezanino, que mistura características de dívida e ações, vai acelerar os planos de expansão da empresa, que é pioneira e líder em geração de energia solar compartilhada.
No começo do mês a empresa concluiu a captação de R$ 250 milhões em dívida verde para financiar parte do seu plano de dobrar a capacidade de geração de energia solar em 2021, chegando a 100 megawatts. Com os novos recursos, a empresa deve ir além nos próximos anos.
A especialidade da empresa é erguer fazendas solares, conectá-las à rede distribuidora e vender a energia no varejo, para residências e pequenos comércios. O financiamento foi divulgado agora de manhã em comunicado da Blue Like an Orange.
“É o primeiro investimento que fazemos em energia renovável no Brasil, um dos setores prioritários do fundo”, diz Cristina Penteado, que lidera as operação da Blue Like an Orange no Brasil. “A Órigo tem DNA promover acesso à energia limpa e vemos a empresa como uma plataforma para o setor, com várias avenidas possíveis de crescimento, muito mais do que uma aposta em um único segmento.”
A dívida dará à gestora participação nos resultados futuros da empresa. “É um capital estratégico, de longo prazo, que será usado para investir em novos negócios”, diz Penteado. A Órigo já tem como acionistas um fundo de impacto da MOV Investimentos, um fundo de energia limpa da TPG e a japonesa Mitsui.
Fundada em 2017 por ex-executivos do Banco Mundial, a Blue Like an Orange tem como meta fazer investimentos em países emergentes alinhados aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, sem abrir mão de retorno financeiro.
O aporte na Órigo está sendo feito pelo fundo de US$ 200 milhões dedicado à América Latina que a gestora levantou no ano passado. É o terceiro investimento no Brasil, depois da provedora de serviços de TI para pequenas e médias empresas Qintess, e da Placi, uma rede de hospitais de transição.
Com nove investimentos até agora, incluindo dois ainda não divulgados, o fundo já está quase todo comprometido, segundo a executiva. A expectativa é encerrar a fase de investimento nos próximos meses, com dez a 12 ativos — possivelmente mais um para o Brasil.
Com mais oportunidades de negócios no pipeline e interesse dos investidores em direcionar recursos para a região, a gestora já está trabalhando para levantar o segundo fundo para a América Latina.
“A intenção é que seja um fundo significativamente maior”, completa. Em termos de tese de investimento, a estratégia será uma continuidade do primeiro fundo e a captação deve se dar, mais uma vez, junto a investidores estrangeiros.