A Marfrig se manteve como a melhor empresa brasileira e a JBS caiu pelo segundo ano consecutivo no ranking elaborado pela FAIRR, uma rede de investidores que conta com US$ 70 trilhões de ativos sob gestão e analisa as 60 maiores empresas de capital aberto na indústria da proteína animal ao redor do mundo. A sexta edição do Coller FAIRR Protein Producer Index foi publicada nesta terça-feira.
A Marfrig foi considerada de baixo risco em critérios de sustentabilidade e se manteve na quarta posição no ranking geral. Na edição do ano passado, a empresa estava inicialmente em terceiro lugar, mas perdeu um posto depois de uma revisão dos cálculos.
A Marfrig ficou apenas atrás das norueguesas Mowi, Leroy e Grieg Seafood, que focam em frutos do mar.
A JBS caiu da 16ª colocação para a 22ª. A BRF repetiu a 12ª colocação no ranking, enquanto a Minerva subiu de 19ª para 14ª. As três foram consideradas de médio risco.
Segundo a FAIRR, 20 maiores empresas do setor no mundo estão regredindo quando o assunto é a mudança do clima. Suas emissões de gases de efeito estufa aumentaram 3% no ano passado. Única brasileira na lista, a JBS registrou aumento de 5,66%.
Em nota, a empresa afirmou que os cálculos não condizem com o ano correspondente: “Em 31 de agosto de 2023, a JBS publicou seu Relatório de Sustentabilidade 2022, detalhando o inventário atualizado de emissões de Gases de Efeito Estufa de 2022 da empresa, com uma redução de 9% nas emissões de escopo 1 e 2 de 2021 a 2022. Infelizmente, este relatório foi publicado após a produção do Coller FAIRR Protein Producer Index e, por isso, as emissões atualizadas da JBS não foram capturadas na análise FAIRR. Em vez disso, o relatório considerou o desempenho de 2020 a 2021.”
A FAIRR avalia dez tópicos para fazer a pontuação: emissão de gases de efeito estufa, desmatamento e biodiversidade, manejo e descarte de água, resíduos e poluição, uso de antibióticos, bem-estar animal, condições de trabalho, segurança alimentar, governança e proteínas alternativas.
O ano para a indústria
No estudo, a FAIRR avalia que este foi um ano “movimentado” para o setor da carne, com avanço de questões ligadas à agenda verde.
Um exemplo foi a publicação do guia de descarbonização para os setores florestal, de uso da terra e agrícola pela Science Based Targets initiative (SBTi). O selo da organização, que avalia as estratégias corporativas de cortes de emissões, é considerado o padrão-ouro.
Por enquanto, a única companhia do índice a adotar essa nova metodologia é a francesa Danone, que passou a integrar a lista neste ano.
Menos da metade das companhias que compõem o índice FAIRR abrem suas métricas relacionadas ao escopo 3 – as emissões indiretas, relacionadas a fornecedores – ainda que elas seja 5,5 vezes maiores que a soma dos escopo 1 e 2, de emissões diretas e por energia consumida, respectivamente.
O escopo 3 continua sendo um calcanhar de Aquiles para o setor e particularmente para as operações brasileiras dos frigoríficos, que lidam com milhares de fornecedores.
Essa é uma das críticas à JBS, que enfrenta escrutínio dos investidores na preparação da listagem de suas ações na bolsa de Nova York. A empresa afirma estar fazendo um levantamento completo das emissões de sua cadeia de fornecimento em linha com padrões universalmente aceitos.
Houve uma diminuição das companhias avaliadas como de alto risco, em comparação a anos anteriores. E, mesmo entre as que tiveram os piores índices de sustentabilidade, houve melhorias em áreas como condições de trabalho, escreveu o presidente e fundador da iniciativa FAIRR, Jeremy Coller.
“Essas mudanças mostram que más práticas não são inevitáveis no ecossistema de abastecimento de alimentos”.