Re.green e TFFF estão entre finalistas do Earthshot, prêmio do príncipe William

O Prêmio Earthshot 2025, fundado pelo príncipe William, da família real britânica, tem dois finalistas brasileiros: a Re.green, startup de restauração florestal, e o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), mecanismo financeiro para remunerar os países em desenvolvimento que preservam suas florestas tropicais. 

Ao todo, o prêmio possui 15 finalistas em cinco categorias diferentes. As duas iniciativas brasileiras concorrem na mesma categoria: “Proteger e Restaurar a Natureza”.

Fundado em 2020, o Earthshot é um dos reconhecimentos mais prestigiados do mundo quando o assunto é impacto ambiental positivo. Os vencedores serão anunciados no dia 5 de novembro, no Rio de Janeiro, durante a Earthshot Week. O vencedor de cada categoria recebe 1 milhão de euros, aproximadamente R$ 6,3 milhões.

“Sinto-me verdadeiramente inspirado pelos finalistas deste ano, que incorporam o otimismo urgente que está no cerne da nossa missão. Em apenas cinco anos, o Earthshot Prize mostrou que as respostas para os maiores desafios do nosso planeta não só já existem, mas estão, de fato, ao nosso alcance”, afirmou o príncipe William, que preside a iniciativa, em nota.

Os finalistas também recebem mentorias e suporte técnico por meio de um programa de bolsas do prêmio, com acesso à uma rede de empresas, investidores e especialistas em clima. Os nomeados são escolhidos por um comitê científico e técnico, que reúne especialistas em clima, lideranças indígenas e celebridades. Todo ano, aproximadamente duas mil soluções são indicadas por instituições credenciadas ao Earthshot para que sejam avaliadas.

Os finalistas brasileiros

Um dos indicados é “made in Brazil”, mas com ambições globais: o TFFF cria um mecanismo de financiamento para apoiar países com florestas tropicais, mobilizando recursos públicos e privados para proteger e restaurar esses ecossistemas essenciais. A ideia é que países desenvolvidos remunerem países em desenvolvimento por esse trabalho.

Para isso, o fundo toma recursos emprestados oferecendo taxas de juros compatíveis com o grau de risco dos financiadores. O dinheiro será  alocado em um portfólio com remuneração mais alta. A diferença, ou o “lucro” do fundo, é então direcionado aos países beneficiários.

Felipe Vilela, diretor do Prêmio Earthshot no Brasil, afirma que a escolha tem como objetivo impulsionar o fundo.

“Queremos usar a influência da família real britânica para dar tração ao TFFF, incentivando governos e outros potenciais investidores a verem ele como um modelo de negócio bancável. É um projeto muito ambicioso e muito bem desenhado”.

Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou o compromisso do Brasil de investir US$ 1 bilhão no fundo, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, tornando o Brasil o primeiro país a investir na iniciativa. 

Restaurando florestas

A Re.green foi fundada em 2021 com o objetivo de restaurar grandes áreas de florestas tropicais, especialmente na Amazônia e na Mata Atlântica. Ela tem como meta recuperar 1 milhão de hectares de áreas degradadas.

Entre os sócios estão o family office dos Moreira Salles, a Gávea Investimentos, de Armínio Fraga, e Guilherme Leal, um dos controladores da Natura. Atualmente, a Re.green conduz a restauração e conservação de mais de 36 mil hectares na Amazônia e Mata Atlântica.

A startup tem a Microsoft e a Nestlé como clientes, com quase 7,4 milhões de créditos já negociados. Em maio deste ano, a Re.green conseguiu a liberação de R$ 80 milhões pelo Fundo Clima, administrado pelo BNDES, após o Bradesco oferecer uma carta fiança como garantia.

Segundo Thiago Picolo, CEO da Re.green, o reconhecimento internacional do Earthshot tem potencial de gerar mais negócios e ajuda a consolidar o setor de restauração florestal. 

“Ao mesmo tempo que estamos construindo a empresa, também construímos o setor. Isso ajuda a sedimentar a restauração ecológica como uma classe de ativos, e não apenas como um projeto individual e não replicável.”

Mas ele acredita que o Prêmio Earthshot também ressalta o lado humano por trás da operação.

“A Re.green tem pouco mais de 100 pessoas, com muito propósito e também muito suor, com uma dúzia de fazendas em operação em diferentes estágios de restauração. É um trabalho pesado.”

Antes da Re.green e do TFFF, somente uma iniciativa brasileira havia sido indicada ao Prêmio: a startup Belterra, nomeada em 2023 pelo seu trabalho na restauração de áreas degradadas combinando vegetação nativa e produtos agrícolas de valor comercial.

Lista de finalistas

Confira a lista completa de todas as finalistas da edição 2025 do prêmio:

Categoria “Proteger e Restaurar a Natureza”

Re.green (Brasil), The Tenure Facility (Global) Fundo Florestas Tropicais para Sempre (Global)

Categoria “Purificar o Ar” 

Bogotá Clean Air Action (Colômbia), Guangzhou Transport Electrification (China), Gujarat Cap and Trade (Índia)

Categoria “Revitalizar os nossos oceanos”

Matter (Reino Unido), Blue Bonds for Conservation (Global), High Seas Treaty (Global).

Categoria “Construir Um Mundo Sem Resíduos “

ATRenew (China), Quay Quarter Tower (Austrália), Lagos Fashion Week (Nigéria): 

Categoria “Combater a Crise Climática” 

Form Energy (EUA), Barbados e Friendship (Bangladesh).