FINANÇAS

Chinesa CATL, de baterias, faz maior IPO do ano

Empresa levantou US$ 4,6 bilhões em oferta na bolsa de Hong Kong, apesar de pressão contrária dos Estados Unidos

Chinesa CATL, de baterias, faz maior IPO do ano

A fabricante de baterias CATL estreou na Bolsa de Hong Kong com uma operação que levantou US$ 4,6 bilhões, maior valor registrado em uma oferta pública inicial neste ano. A demanda em alta fez as ações da companhia chinesa saltarem 16% no pregão logo após o IPO. 

Especializada em baterias de lítio, a CATL domina o mercado com participação de 39%. Tesla, Toyota e Volkswagen estão entre os principais clientes. Em segundo lugar, com 17%, está a concorrente BYD, que além dos carros produz suas próprias baterias.

Tensões comerciais entre Estados Unidos e China colocaram a oferta de ações sob atenção do governo americano nos últimos meses, mas as críticas não reduziram o apetite dos investidores pelas ações da CATL.

Em janeiro, o Departamento de Defesa incluiu a fabricante em uma lista de empresas que cooperam com as forças armadas da China, o que a empresa nega. No mês passado, um comitê da Câmara dos Representantes pediu aos CEOs dos bancos JP Morgan e Bank of America que saíssem da estruturação do IPO da CATL, mas ambos continuaram a operação.

Com a capitalização garantida no IPO, o objetivo da CATL é a expansão internacional, principalmente na Europa. Em 2024, a companhia alcançou uma receita de US$ 50 bilhões e lucro líquido de US$ 7 bilhões. 

Alemanha e Hungria receberam as primeiras fábricas, e a Espanha receberá outra até o fim deste ano após investimentos de US$ 4,3 bilhões. 

Uma das ambições da CATL é oferecer baterias para carregamento rápido, colaborando para a popularização dos carros elétricos.

A empresa apresentou em abril um modelo que obtém autonomia para rodar 500 km a partir de uma carga de apenas cinco minutos. Outra inovação é a bateria à base de sódio, que mantém desempenho em regiões com baixas temperaturas.

Mais altas à vista?

Analistas ouvidos pela agência Bloomberg afirmam que a posição do negócio em meio à transição energética explica o apetite dos investidores. “Verdadeira campeã” e “recomendação de compra óbvia” foram termos usados.  Há quem veja espaço para uma valorização de mais 50% nas ações. Nesta terça, fecharam a 306 dólares de Hong Kong.

Esse entusiasmo fez o preço em Hong Kong ultrapassar até o dos papéis correspondentes na Bolsa de Shenzhen, sob jurisdição chinesa e onde a CATL já tinha capital aberto.

As companhias por lá costumam ser sobrevalorizadas devido às particularidades do mercado de capitais chinês.

De acordo com a Bloomberg Intelligence, a oferta de ações da CATL fará a soma de listagens em Hong Kong ultrapassar US$ 22 bilhões neste ano.