GM investe US$ 650 mi em mina de lítio

Em troca do financiamento, montadora vai garantir suprimento de um metal crítico para seu plano de transição para carros elétricos

O sistema de baterias Ultium, da GM, que será usado nos carros elétricos da montadora
General Motors reveals its all-new modular platform and battery system, Ultium, Wednesday, March 4, 2020 at the Design Dome on the GM Tech Center campus in Warren, Michigan. (Photo by Steve Fecht for General Motors)
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A GM anunciou um investimento de US$ 650 milhões em uma empresa que explora lítio, metal essencial para baterias, em minas nos Estados Unidos.

É o maior investimento da montadora para garantir o suprimento de uma matéria-prima crítica para seu plano de transformação elétrica.

A Lithium Americas, empresa que vai receber o dinheiro, explora a maior reserva de lítio identificada em território americano, a mina de Thacker Pass, no estado de Nevada.

Em troca do financiamento, a GM terá acesso exclusivo à produção da primeira fase de operação da mina, no segundo semestre de 2026, e o direito de fazer a primeira oferta pela compra de minérios na etapa seguinte.

É o segundo acordo do tipo feito pela montadora. Há um ano e meio, a GM anunciou um acordo para adquirir o lítio que a Controlled Thermal Resources quer extrair de termas da Califórnia.

Mary Barra, CEO da montadora, escreveu em carta aos investidores

publicada nesta terça-feira que 2023 será o “ano da virada” para a eletrificação da GM.

Além do atual Bolt, um dos elétricos mais baratos à venda no mercado americano, a montadora vai lançar versões a bateria de modelos populares como a SUV Equinox e a picape Silverado.

Barra afirmou que a GM vai produzir 400 mil veículos elétricos daqui até meados do ano que vem. A chave desse crescimento, segundo ela, é a plataforma de baterias da companhia, chamada Ultium (foto) e fabricada nos Estados Unidos.

As baterias representam o custo mais alto e são o componente mais importante de um carro elétrico. Hoje, a China responde por três quartos da manufatura de baterias.

Além de criar uma potencial vulnerabilidade para a indústria automobilística ocidental, a dependência dos chineses pode ameaçar os objetivos de descarbonização do governo americano.

Made in USA

Um dos pontos centrais do pacote climático aprovado pelo governo Joe Biden no ano passado é justamente estimular a eletrificação dos transportes terrestres nos Estados Unidos. A meta é que em 2030 metade dos veículos de passeio novos vendidos sejam elétricos.

As medidas de incentivo incluem subsídios de até US$ 7.500 para consumidores que comprarem carros novos sem motor a combustão – mas restritos a modelos que contenham determinados componentes made in USA.

A lista inclui as baterias. Em meados de 2021, o governo americano já havia lançado um plano nacional para retomar a exploração das reservas de lítio do país, que estão entre as cinco maiores do mundo.

Os Estados Unidos foram o maior produtor do mineral na segunda metade do século passado, mas a indústria foi virtualmente abandonada diante da competição dos chilenos, que detêm reservas com índices de pureza mais altos e custos de extração mais baixos.

Com a onda global da eletrificação, as reservas de lítio americanas voltaram a despertar interesse – tanto do ponto de vista comercial como de segurança nacional.

Valor agregado

Hoje, o país tem somente uma mina de lítio em atividade – mas várias iniciativas estão em andamento para suprir a demanda doméstica de um dos maiores mercados de carros do mundo.

A mineradora australiana Piedmont fechou um contrato de fornecimento com a Tesla para fornecer parte de sua produção de um campo na Carolina do Norte (a empresa espera aprovação ambiental).

Na mina de Thacker Pass, que recebeu o investimento da GM, a canadense Lithium Americas vai não só extrair o minério do material rochoso das montanhas de Nevada como também refiná-lo no local.

O projeto, que envolve uma mina aberta, é alvo de oposição de grupos ambientais e de populações indígenas do estado. A primeira parte dos recursos da GM só será transferida depois de superados entraves judiciais.

A Lithium Americas afirmou no início de janeiro estar confiante na aprovação do licenciamento ambiental do projeto.