A chinesa BYD será a primeira montadora a produzir carros 100% elétricos no Brasil. Depois de meses de rumores, a empresa confirmou hoje que vai instalar uma linha de produção de carros na Bahia.
A companhia também anunciou duas outras fábricas no Estado: uma para chassis de ônibus e trens elétricos e outra para processamento de lítio e fosfato, dois componentes essenciais das baterias.
A BYD está trazendo seu “ecossistema verde” para a Bahia e quer tornar o Estado um “centro da inovação e da alta tecnologia”, afirmou Stella Li, CEO da BYD Américas. O investimento será de R$ 3 bilhões.
O plano da companhia é que as instalações de Camaçari sejam o polo de manufatura para a América Latina, afirmou Li. A expectativa é começar a produção no segundo semestre de 2024.
Tudo indica que a empresa vai assumir uma fábrica em Camaçari que pertencia à Ford e está desativada desde 2021, mas ainda não houve acordo.
A fábrica de carros terá capacidade de produzir 150 mil unidades por ano na primeira fase. Esse número pode dobrar com expansões futuras.
A BYD já anunciou que vai fabricar pelo menos um carro 100% elétrico no país. Especula-se que seja um modelo de mais baixo custo, como o Dolphin (na foto acima). Segundo o anúncio feito hoje, também serão produzidos veículos híbridos.
Com as isenções concedidas para os elétricos, a companhia começou a vendê-lo por R$ 150 mil reais na versão importada. Nos primeiros quatro dias, foram vendidas mais de 1.000 unidades.
A empresa já oferece outros três elétricos puros, e um híbrido plug-in, também importados.
Não foram divulgados mais detalhes sobre a planta de materiais para baterias. O comunicado oficial da companhia diz apenas que o lítio e o fosfato serão processados para “atender ao mercado externo”.
Eletrificação
A BYD (pronuncia-se bi uai di, como em inglês) nasceu fabricando baterias para celulares nos anos 1990 e é hoje a maior vendedora de veículos elétricos do mundo.
A companhia também é uma das maiores produtoras de baterias para carros e conta como clientes a rival Tesla.
A chegada das chinesas – além da BYD, a Great Wall Motors também vai começar a produzir localmente – promete chacoalhar o mercado nacional de carros e os planos do setor para uma transição para veículos de baixas emissões.
Tanto as montadoras estabelecidas quanto o governo apostam na tecnologia dos carros híbridos flex tradicionais.
Eles não podem ser “abastecidos” com eletricidade: a bateria é pequena e só é carregada na frenagem ou pelo próprio motor a combustão.
São dois os principais argumentos para essa transição gradual. O primeiro é o domínio da tecnologia do etanol e a ampla rede de distribuição desse biocombustível no país.
O outro é o custo das baterias. Elas são o componente de maior custo de um carro elétrico e têm de ser importadas.