A BMW quer que você armazene energia solar… em casa

Montadora vai produzir baterias residenciais em parceria com a Solarwatt, com quem divide o maior acionista: Stefan Quandt, um bilionário entusiasta dos painéis solares (bem mais discreto que Elon Musk)

A BMW quer que você armazene energia solar… em casa
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Bem mais discreto que Elon Musk, outro bilionário do setor automobilístico vem há anos fazendo sua aposta na energia solar. 

Maior acionista da BMW, Stefan Quandt (que detém 44% da companhia com sua irmã, Susanne Klatten) fez um investimento silencioso na fabricante de painéis solares alemã Solarwatt, voltada para o mercado residencial, há mais de uma década. 

Em 2015, dobrou a aposta para salvá-la da bancarrota com uma condição: que ela passasse de mera fabricante de painéis para uma provedora de sistemas inteligentes de energia. 

Agora, os dois mundos se encontraram num negócio crucial para ambos: o desenvolvimento de baterias. 

A BMW e a Solarwatt acabam de anunciar uma parceria para a fabricação de sistemas de armazenamento de energia solar para residências. 

A montadora entra fornecendo os componentes utilizados nas baterias que alimentam seus carros elétricos para Solarwatt — que, por sua vez, será responsável pela montagem e venda da nova bateria, capaz de utilizar de forma mais racional a energia capturada com os painéis solares. 

Apesar do avanço das energias renováveis, a intermitência é seu maior problema: os painéis geram energia durante o dia, quando o sol está a pino, enquanto o pico de consumo costuma acontecer à noite ou no comecinho da manhã. 

Com a nova bateria, batizada de Battery flex, a Solarwatt afirma que seus sistemas solares podem garantir uma autossuficiência energética de até 80% para uma residência de quatro pessoas. Sem as baterias, essa autossuficiência é de apenas 30% e boa parte da energia tem que ser comprada tradicionalmente, do grid. 

Os números levam em conta uma casa de 145 metros quadrados em Munique, na Alemanha — e incluem o carregamento de um carro elétrico para rodar até 15 mil quilômetros por ano.

Indiretamente, é um bom argumento de venda para os carros elétricos da BMW, já que os consumidores podem se certificar que estão trocando combustível fóssil por energia efetivamente limpa (boa parte da eletricidade que sai da tomada na Europa vem de térmicas a gás ou a carvão). 

O mercado de baterias residenciais para energia solar não é exatamente novo na Europa e tem se tornado uma oferta relativamente comum entre os fabricantes de painéis solares. 

O principal problema é o custo — que, ao menos em tese, tende a diminuir com o acesso à cadeia de fornecedores da BMW. 

A Solarwatt ainda não diz quanto deve custar a nova bateria, que deve chegar ao mercado no fim deste ano. A ideia é que ela seja oferecida num pacote de serviços de energia, que incluem os painéis, softwares para gestão inteligente de consumo e dispositivos que permitem o carregamento de veículos, por exemplo.  

A companhia já tinha uma bateria, chamada de MyReserve, que está sendo aposentada para dar lugar à nova geração, vendida como a “BMW das baterias residenciais”. 

Além do carimbo da montadora, as principais vantagens do novo modelo, segundo a empresa, são a flexibilidade — com sistemas de vários módulos, a depender do consumo — e o design mais amigável para uso residencial. 

O mercado de carros elétricos triplicou na Alemanha em 2020, com a BMW em quarto lugar no ranking de vendas, atrás de Audi, Mercedes-Benz e Volkswagen. 

Em dados globais, os veículos com bateria já somam mais de 10% das vendas do grupo (dono também das marcas Mini e Rolls-Royce). Recentemente, a BMW afirmou que espera ter pelo menos metade das suas vendas formadas por carros elétricos até 2030. 

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