A GEF Capital Partners, uma gestora de private equity com foco em sustentabilidade, anunciou um investimento que pode chegar a R$ 80 milhões na Automalógica, uma empresa que desenvolve software para gestão de sistemas elétricos.
Com sede em Jundiaí, no interior de São Paulo, a companhia atende a geradoras, transmissoras e distribuidoras de energia. Seus produtos são usados na gestão e supervisão de 28 GW, ou cerca de 20% de toda a eletricidade gerada no país.
Os software da Automalógica são utilizados para tarefas de controle e manutenção preventiva de infraestrutura, mas o que chamou a atenção da GEF foram os ganhos de eficiência que podem ser obtidos na geração de energia solar e eólica.
Sol e vento são dois recursos intermitentes e, portanto, o mesmo vale para a eletricidade obtida por essas duas fontes. Isso significa que, quando o sol está a pino, a rede às vezes não tem como receber toda a energia produzida por uma fazenda solar.
O sistema da empresa ajuda a fazer o gerenciamento da capacidade que é despachada, como se diz no jargão do setor. Na prática, isso significa redução de eventuais desperdícios.
Individualmente, o ganho de performance é pequeno: pode ser de 0,5% ou 1%. Mas, diferentemente das hidrelétricas, as plantas eólicas e particularmente as solares são muitas e distribuídas geograficamente.
A soma desses ganhos marginais pode fazer uma diferença considerável, diz Ricardo Cifu, associado-sênior da GEF. “Um ganho de 1 MW multiplicado por 200 ou 300 usinas pode equivaler a uma nova usina inteira.’’
Ele aponta outro impacto ainda mais direto da tecnologia digital na matriz energética brasileira. Em regiões onde há grande concentração de pequenas instalações solares, como no norte de Minas Gerais, a espera por uma autorização para injetar eletricidade na rede pode demorar mais de um ano.
“Tem gente que espera 18 meses para conseguir uma conexão”, diz Cifu. O problema é causado pela sobrecarga do sistema e agravado pela falta de informação.
Eliminar esse gargalo, afirma Cifu, significa colocar mais energia limpa na rede e potencialmente reduzir a necessidade de ativar termelétricas que queimam gás natural.
Este é o primeiro aporte recebido pela Automalógica em 16 anos de vida. O objetivo da empresa é utilizar os recursos para pesquisas nas áreas de eficiência e segurança, além da expansão internacional. A empresa já faz o monitoramento de fazendas eólicas no Chile.
A empresa cresce 30% ao ano, e deve fechar 2022 com uma receita de R$ 50 milhões.