Com Bemol, dívida ESG chega à Amazônia

Maior varejista da região Norte fixa meta de se tornar Empresa B e vai usar recursos para ampliar crédito a clientes

Com Bemol, dívida ESG chega à Amazônia
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E os títulos atrelados a metas de sustentabilidade chegaram à Amazônia.

A rede varejista Bemol, a maior da região Norte do país, fez sua primeira incursão no mercado de dívida com a emissão de R$ 200 milhões de um sustainability-linked bond (SLB). 

A meta a ser batida pela varejista é a obtenção, até janeiro de 2024, do selo de Empresa B, certificação atribuída a negócios que colocam o impacto social e ambiental no centro de suas estratégias. Desde o ano passado a Bemol já havia se proposto tirar a certificação e pretendia concluir o processo entre 2022 e 2023.

As debêntures, com prazo de cinco anos (sendo dois de carência), e taxa de CDI mais 2,1% ao ano, foram totalmente encarteiradas pelo Bradesco, que estruturou a operação.

Caso falhe em cumprir o compromisso no prazo acordado, a empresa sofrerá uma penalidade, com acréscimo de 25 pontos básicos na taxa de juro, que então vai a 2,35% ao ano.

A captação representa uma mudança substancial no histórico de tomada de dívida da Bemol, que tem perfil financeiro bastante conservador e até então costumava levantar crédito na casa das dezenas de milhões.

O salto no endividamento tem destino certo: os recursos servirão de funding para a concessão de crédito aos clientes da varejista, algo central na sua estratégia de expansão na Amazônia Ocidental.

“Estamos nos tornando uma fintech e precisávamos de um volume de financiamento maior que o habitual”, diz Denis Minev, CEO da Bemol.

Segundo ele, a rede avaliava a opção de estruturar um fundo de direitos creditórios (FIDC) para levantar o funding, mas o custo de CDI mais 7% ao ano se mostrava bem mais salgado do que o SLB oferecido pelo Bradesco, principal parceiro bancário da empresa.

A operação contou com parecer de segunda opinião da consultoria Sitawi, que considerou o indicador escolhido adequado para que o título fosse considerado um SLB.

Segundo relatório da consultoria, no ano passado a Bemol realizou a sua primeira avaliação para a certificação B e obteve uma nota provisória de 77,3 pontos, de um total possível de 200 pontos. A nota mínima para obtenção do selo é 80 pontos (a nota média das empresas brasileiras certificadas é 97,3 pontos).

Para chegar à nota mínima, a Bemol definiu algumas ações prioritárias, consideradas materiais dentro do seu ramo de atuação, como implementação de programas de logística reversa e de coleta de resíduos, integração de empreendedores locais em sua loja online, alinhamento de políticas com seus fornecedores, incentivo à cultura cabocla e desenvolvimento de ações de diversidade e inclusão.