Notas de Dubai - A COP na metade do caminho

Faltam seis dias para saber se esta Conferência do Clima vai finalmente dizer algo sobre a necessidade de queimar combustíveis fósseis

Bandeira com o logotipo da COP28, que acontece em Dubai
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A COP28 entra no sexto dia nesta quarta-feira. Faltam apenas seis para o fim da conferência (em teoria, porque tradicionalmente o prazo estoura). As posições – ou trincheiras, porque o que está por vir é uma batalha – estão bem estabelecidas. A tarefa dos negociadores até a próxima terça é tentar encurtar as enormes distâncias.

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A principal discussão será em torno dos combustíveis fósseis. Foi só dois anos atrás que eles apareceram pela primeira vez numa decisão da COP, com uma menção ao carvão. Agora, a expectativa é indicar a redução ou eliminação de todos eles. Também há pressão para que o texto inclua algum prazo. Também existe a chance de o texto, mais uma vez, ignorar a principal causa do aquecimento global.

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Ainda em meio ao fiasco do anúncio da entrada na Opep+ , o Brasil não diz abertamente se vai apoiar uma linguagem mais decisiva sobre fósseis. Nas entrelinhas das declarações dos integrantes do governo federal e dos negociadores do Itamaraty, lê-se a seguinte mensagem: temos de nos livrar dos fósseis, mas que vai começar é o mundo rico.

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Outra disputa importante envolve o pedido de mais dinheiro para preparar os países vulneráveis para a mudança climática, que está apenas começando. Eles querem recursos concessionais e doações, em vez de mais empréstimos, um novo fundo e transferência de tecnologia.

LIMITES PLANETÁRIOS – 1

Se a humanidade exceder o exíguo orçamento de carbono restante, o planeta estará muito próximo de ultrapassar diversos “pontos de não-retorno”, segundo um novo estudo divulgado nesta quarta-feira na COP28. Vários sistemas naturais essenciais para o equilíbrio planetário podem entrar numa perigosa espiral de degradação causada pelo aquecimento global.

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Cinco desses limites podem já ter sido extrapolados, e o mesmo pode acontecer com três outros na próxima década, segundo o relatório Global Tipping Points. O derretimento do gelo na Antártica Ocidental e na Groenlândia e a morte de corais por causa do aquecimento dos oceanos estão entre os ricos mais urgentes. Se o aumento da temperatura chegar a 2°C, partes da Amazônia podem virar savana.

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Diferentemente do aumento gradual da temperatura, esses “pontos de não-retorno” aconteceriam de maneira muito mais rápida. Os próprios cientistas alertam que há muitas incertezas sobre o timing e as consequências desses eventos, mas não há dúvidas de que a ameaça é real. “A humanidade nunca esteve diante de algo dessa magnitude”, disse o líder do trabalho, Tim Lenton, da Universidade de Exeter (Reino Unido).