Sem fim à vista – 1
Depois de passar dias prometendo concluir as negociações dentro do prazo, os egípcios finalmente admitiram que a COP27 tem poucas chances de acabar nesta sexta-feira.
O reconhecimento veio na forma de um comunicado sobre a extensão dos serviços de transporte e alimentação até o domingo.
O problema vai além do abismo que separa países ricos e pobres na questão de perdas e danos (leia mais abaixo). Diferentemente de conferências anteriores, este ano os rascunhos das decisões só começaram a aparecer nos últimos três dias.
A aposta é que a maratona ainda dure pelo menos dois dias, escreve Ed King, autor de uma newsletter obrigatória sobre o andamento das negociações.
Sem fim à vista – 2
O primeiro draft sobre perdas e danos foi publicado somente na madrugada de sexta – mas não há nenhuma sinalização firme de entendimento.
O texto apresenta três opções: decidir já nesta COP a criação de um fundo para compensações; um fundo a ser criado na COP28; seguir conversando sobre um possível “mosaico” de fontes de recursos, o que incluiria organizações multilaterais.
O que parece seguro é que o dinheiro seria disponibilizado para “países em desenvolvimento particularmente vulneráveis”, ou seja, as nações mais pobres do mundo.
Sem fim à vista – 3
Mais que o formato desse mecanismo, a questão mais controversa diz respeito a quem vai efetivamente contribuir com recursos. Estados Unidos e União Europeia querem que os chineses também façam depósitos. A China já é a maior emissora de CO2 do mundo hoje e em alguns anos vai se tornar a maior em termos históricos.
Sem fim à vista – 4
O detalhamento do Artigo 6, que trata de um mercado de carbono global, também está atravancado. Os negociadores estiveram reunidos até as 2h da manhã desta sexta e as conversas foram retomadas seis horas depois.
Ninguém é de ferro…
Enquanto delegações oficiais e ministros se preparam para longas horas de trabalho nos próximos dias, o ministro do Meio Ambiente do Brasil, Joaquim Leite, foi visto se preparando para um passeio de barco na ensolarada Sharm el-Sheikh, segundo o Observatório do Clima.
* O jornalista viaja a convite da International Chamber of Commerce