
Belém – A COP30 chegou ao seu terceiro dia com reforço na segurança da Blue Zone, onde ocorrem as negociações oficiais da Conferência do Clima. Do lado de fora, a barqueada da Cúpula dos Povos marcou o dia.
Se a canoa não virar
Uma “barqueata”, ou seja, uma passeata de barcos, reuniu 150 embarcações no rio Guamá, em Belém, na quarta-feira (12). O ato marcou a abertura da Cúpula dos Povos, evento paralelo à COP30 e foi coordenado por organizações da sociedade civil.
As embarcações saíram de diferentes portos da capital paraense e se reuniram na Universidade Federal do Pará, que sedia a Cúpula dos Povos. A organização estimou a presença de 5 mil pessoas de 60 países. A COP30 já foi comparada com o Círio de Nazaré pela quantidade de turistas em Belém e pelo sucesso dos leques e ventarolas para amenizar o calor. A “barqueata” foi bastante parecida com o Círio Fluvial, mas com metade do número de embarcações. A imprensa compareceu em peso para registrar o evento.
Segurança na COP
Depois de um grupo de manifestantes que participaram de uma marcha invadir a Zona Azul na noite de terça-feira (11), a segurança da COP30 foi mais rígida nesta quarta-feira (12). Homens e carros da Polícia Federal estavam fortemente armados na entrada do local. O horário de entrada começou mais tarde, às 7h, e os seguranças estavam mais atentos aos crachás – em especial na sala de imprensa.
Na Zona Verde, os seguranças pediram que os visitantes abrissem as bolsas e seus compartimentos mesmo depois da passagem dos objetos pelo raio-x, o que não havia ocorrido nos dois primeiros dias da conferência. Nas redes sociais, indígenas relataram que não conseguiram entrar no espaço com objetos tradicionais, que foram considerados “perigosos”.
Micro e pequenas empresas
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assinaram uma carta de intenções para viabilizar um financiamento de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,3 bilhões) para micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) nos biomas Amazônia, Cerrado, Caatinga e Pantanal.
O projeto, conhecido como Programa Pró-Biomas, busca ampliar o acesso a financiamento produtivo com custo competitivo para negócios sustentáveis de MPMEs e de pequenos produtores rurais, fortalecendo cadeias da bioeconomia, da agricultura sustentável e da energia renovável.
Mais energia
O consumo mundial de energia derivada de combustíveis fósseis vai atingir seu pico antes de 2030, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês). Isso mesmo com o aumento do apoio político a fontes como carvão, petróleo e gás natural.
Segundo o relatório World Energy Outlook, divulgado nesta quarta-feira (12), o consumo de carvão e petróleo vai atingir seu pico por volta de 2030 e o gás natural em 2035, com base nas intenções políticas declaradas pelos governos do mundo. Sob as mesmas premissas, o uso de energia limpa estimado terá um aumento expressivo, com a energia nuclear crescendo 39% até 2035, a solar 344% e a eólica 178%.
A IEA destaca a crescente necessidade mundial de serviços energéticos nas próximas décadas, com aumento da demanda por mobilidade; aquecimento, refrigeração, iluminação e outros usos domésticos e industriais; e também por serviços relacionados a dados e inteligência artificial.
A agência prevê que o aquecimento global atingirá 2,5°C neste século, caso as “políticas declaradas” sejam implementadas.