
Belém – As falhas de estrutura e segurança da COP30 em Belém resultaram em uma carta dura do chefe do clima da ONU. Um site faz simulações sobre os recursos que podem ser gerados pelo TFFF, o fundo de florestas tropicais lançado na semana passada. E o Ministério do Meio Ambiente lançou um plano para levar mais verde aos grandes centros urbanos.
Pito
A ONU enviou uma carta dura ao governo brasileiro apontando a gravíssima falha de segurança na COP30 na noite de terça-feira, quando a Zona Azul foi invadida. Simon Stiell, secretário-executivo da UNFCCC, escreveu:
“Os manifestantes se desviaram da rota de marcha aprovada e prosseguiram sem impedimentos até a inviolável Zona Azul, sob a complacência das autoridades brasileiras que não agiram ou aplicaram o plano de segurança acordado. Isso representa uma séria violação da estrutura de segurança estabelecida e levanta preocupações significativas em relação ao cumprimento das obrigações de segurança do país anfitrião.”
Em entrevista coletiva na noite da quinta-feira, o presidente da conferência, André Corrêa do Lago, afirmou que o reforço de segurança foi considerado satisfatório pela ONU.
No fim da tarde de quinta, a reportagem do Reset testemunhou a chegada aos arredores da conferência de um reforço expressivo de forças de segurança – incluindo tropa de choque, cavalaria e um enorme trailer do Centro de Comando da Polícia Militar Paraense. As credenciais, antes exigidas somente para entrar nas tendas da Zona Azul, agora têm que ser exibidos no início da rua que dá acesso à conferência.
Sobre o problema com o calor, Corrêa do Lago afirmou, sorrindo, que o ar-condicionado estava “funcionando melhor”.
Estimando
O ambientalista alemão Felix Finkbeiner criou um site que estima o potencial de recursos que seriam direcionados aos países que protegem suas florestas tropicais caso o TFFF atinja a meta de captação de US$ 125 bilhões. Com base em dados de desmatamento de 2024, o Brasil receberia US$ 841 milhões, a Indonésia, US$ 333 milhões e a República Democrática do Congo, 228 milhões.
Caso eliminassem completamente o desmatamento, os pagamentos chegariam a US$ 1,3 bilhão, US$ 447 milhões e US$ 460 milhões respectivamente.
O exercício é teórico, claro. O TFFF ainda nem sequer está operando e apenas começou a fase de captação. Os países beneficiários também não iniciaram o processo de adesão.
3-30-300
O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) lançou, nesta quinta-feira (13), o Plano Nacional de Arborização Urbana (Planau). A iniciativa foi construída em parceria com o Governos locais pela sustentabilidade (Iclei) do Brasil e visa aumentar a cobertura vegetal das cidades. Dados do Mapbiomas de 2024 apontam que, no Brasil, a média nacional de arborização nas cidades brasileiras é 28,2% dos territórios com cobertura verde.
“O princípio do plano é o 3-30-300: que todo brasileiro veja pelo menos três árvores da janela de casa, que todo bairro urbano tenha pelo menos 30% de cobertura de copas de árvores e que todo cidadão viva a no máximo 300 metros de distância de uma área verde pública”, afirma Marília Israel, coordenadora de biodiversidade do Iclei.

Adaptação para saúde
O Brasil lançou o Plano de Ação Plano de Ação em Saúde de Belém, primeiro documento internacional de adaptação climática dedicado à saúde. Cerca de 40 países e 40 instituições de saúde aderiram ao plano. A Coalizão de Financiadores de Clima e Saúde (que tem Rockefeller Foundation, Bloomberg Philanthropies e Fundação Gates como financiadores) anunciou o investimento inicial de US$ 300 milhões para o compromisso internacional.
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) também anunciou linhas de financiamento e disposição para apoiar a implementação do Plano de Belém. O objetivo é ampliar a capacidade de monitoramento e cruzamento de dados, aumentar a resiliência das unidades de atendimento, com infraestrutura adaptada às mudanças do clima e estimular parcerias com o setor privado para inovação tecnológica.
Cidades-irmãs
O lixo do Rio de Janeiro vai compensar as emissões de CO2 da COP30. Uma parceria entre a Caixa Econômica Federal e a Ciclus Rio vai neutralizar mais de 170 mil toneladas de carbono com créditos certificados pela ONU. Eles foram gerados a partir da operação do Centro de Tratamento de Resíduos do Rio (CTR Rio), que transforma lixo urbano em biometano, energia limpa e água de reúso.
Por coincidência, Belém e o Rio de Janeiro são oficialmente cidades-irmãs desde o último dia 11, em lei sancionada pelo prefeito Eduardo Paes.