Na corrida dos carros elétricos, a chinesa BYD, que tem Warren Buffett entre seus investidores, terminou 2023 à frente da norte-americana Tesla, do bilionário Elon Musk.
No último trimestre do ano passado, a BYD entregou 526.409 veículos elétricos 100% movidos a bateria, superando a Tesla, que entregou 484.507 no mesmo período.
Foi a primeira vez que a montadora chinesa superou a concorrente norte-americana nas vendas dos carros puramente elétricos – anteriormente, a BYD já superava a Tesla quando contados os híbridos plug-in, aqueles que além do motor a combustão contam com um elétrico que pode ser carregado na tomada.
Somente em dezembro, a montadora chinesa contabilizou ter vendido 340.178 automóveis – do total, 190 mil eram 100% elétricos.
Ao alcançar a marca de 3 milhões de veículos elétricos e híbridos vendidos e produzidos no ano passado, a montadora com sede na China passou a ser a nova líder de vendas de elétricos em todo o mundo, superando a Tesla, que entregou 1,85 milhão de automóveis ao longo de 2023.
O montante representa um incremento de 62,2% nas vendas da empresa chinesa na comparação com 2022, quando a BYD havia atingido a marca de 1,8 milhão de automóveis em produção e vendas.
Do total comercializado pela montadora chinesa no ano passado, 1,5 milhão de veículos vendidos correspondem à fatia de veículos 100% a bateria, e 1,4 milhão representam automóveis híbridos plug-in.
O resultado de 2023 não foi de todo ruim para a montadora de Elon Musk, uma vez que a Tesla superou sua meta de produção para o ano, que tinha como objetivo entregar 1,8 milhão de veículos, acima do 1,3 milhão registrado em 2022.
Mas o marketing agressivo da BYD, tanto em mídia – no Brasil, por exemplo, comprou cotas de patrocínio da principal novela da TV Globo – quanto no lançamento de diversos modelos em diferentes mercados, além do crescimento de outras concorrentes, parece estar colocando água nos planos de Musk, que tem uma meta ambiciosa, e questionada por muitos, de chegar a uma produção de 20 milhões de carros elétricos por ano em 2030.
No Brasil, fim de isenção
Apesar do crescimento das vendas globais, o ano começa bem menos promissor para o mercado dos elétricos no Brasil.
Zerado desde 2016, o imposto de importação voltou a ser cobrado para carros elétricos e híbridos vindos do exterior desde o dia 1º de janeiro.
As alíquotas são diferentes para híbridos tradicionais, elétricos e híbridos plug-in e vão subir gradativamente até 2026.
No momento, elas são de 12% para híbridos e híbridos plug-in, e de 10% para os modelos 100% elétricos. Novos aumentos estão previstos para julho.
Ainda que a medida deva afetar o setor em um primeiro momento, as montadoras chinesas já começaram a se preparar para produzir elétricos no Brasil.
No ano passado, a BYD anunciou um investimento de R$ 3 bilhões em três fábricas na Bahia, uma delas destinada especialmente a produzir veículos elétricos.
A montadora deve ocupar as antigas instalações da Ford – que deixou de fabricar veículos no país em 2021 – em Camaçari.
Outra montadora chinesa, a Great Wall Motor (GWM), também anunciou que pretende fabricar híbridos e elétricos no país. A intenção é começar a produzir ainda neste ano em uma planta em Iracemápolis, no interior de São Paulo.