Braskem compra Wise para escalar produção de plástico reciclado

Petroquímica está investindo R$ 121 milhões como parte da meta de produzir 1 milhão de toneladas de resina reciclada ao ano até 2030

Braskem compra Wise para escalar produção de plástico reciclado
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Com uma meta de produzir 1 milhão de toneladas de plástico reciclado ao ano até 2030, a Braskem acaba de comprar a Wise Plásticos, a maior produtora de resina plástica pós-consumo reciclada para a indústria de limpeza e cuidados pessoais do país, com clientes como Unilever, Natura e Boticário.

A petroquímica vai desembolsar R$ 121 milhões para ficar com 61,1% da empresa. Uma parte irá para a família Igel, fundadora da Wise, mas uma fatia substancial será aplicada para investir na duplicação da capacidade produtiva da planta que fica em Itatiba, interior paulista, até 2026.

No ano passado a empresa produziu cerca de 20 mil toneladas de resina, com um faturamento de R$ 250 milhões e a expectativa é atingir 30 mil toneladas este ano e 50 mil até 2026. 

O tipo de embalagem que a Wise reaproveita são as de polietileno de alta densidade (PEAD), usado em galões e frascos, e de polipropileno (PP), matéria-prima das tampas – ambas com taxas de reciclagem muito menores que as de PET no Brasil.

Mais do que a capacidade de reciclagem da Wise, o que atraiu a Braskem foi o conhecimento de todo o processo produtivo, desenvolvido durante anos de pesquisa em parceria com grandes marcas.

Com um investimento de R$ 67 milhões, a Braskem já havia inaugurado em fevereiro deste ano sua própria linha de reciclagem em parceria com a Valoren, em Indaiatuba, também interior de São Paulo. 

“A curva de aprendizagem é muito lenta e percebemos que teríamos que dar um salto e buscar alguém que já soubesse fazer”, diz Edison Terra, vice-presidente de olefinas e poliolefinas da Braskem.

Foram avaliadas outras empresas no processo. A Wise, de seu lado, já tinha o plano de expansão desenhado e estava em busca de capital. No processo, manteve conversas com diversos fundos, mas ficou evidente que precisava de um capital mais estratégico e paciente para conseguir escalar o negócio.

Pelo acordo, Bruno Igel continuará como CEO da Wise por pelo menos quatro anos. A empresa permanecerá totalmente apartada da Braskem, com governança própria. 

Embora a Braskem tenha a maioria do capital, as duas partes assinaram um acordo de acionistas que assegura direitos aos Igel (a empresa foi fundada por Rogerio Igel, pai de Bruno). Dos três conselheiros, dois serão apontados pela petroquímica e um pela família.

Ainda longe da meta

Mesmo dobrando a capacidade da Wise até 2026 e somando às 15 mil toneladas da planta operada com a Valoren, ainda assim a taxa de reciclagem representará uma gota no oceano de cerca de 10 milhões de toneladas de resina virgem produzida pela Braskem ao ano.

“Para chegar à nossa meta de 1 milhão de toneladas de plástico reciclado até 2030 não temos todos os projetos ainda. Nos colocamos esse objetivo e sabemos que ele é super desafiador. Até porque esse objetivo é global e soluções que servem para o Brasil não servem para o México, por exemplo”, diz Terra. 

Além disso, diz ele, não existem ainda soluções de grande escala, que resolvam numa só tacada 500 mil toneladas.

“O movimento com a Wise vem dessa noção de que precisamos acelerar o crescimento da reciclagem”, diz ele.

Segundo ele, já existe um plano que vai além de 2026 para escalar ainda mais o negócio da empresa. Além disso, diz, a aposta é na somatória de diversas soluções.