Tesla vai demitir mais de 10% de seus funcionários

A Tesla pretende demitir mais de 10% de todo o seu quadro de funcionários ao redor do mundo, em meio a um ciclo de desaceleração das vendas dos elétricos da montadora norte-americana.

A companhia não informou quantas pessoas poderão ser demitidas, mas, segundo o jornal britânico Financial Times, o número de demissões pode chegar a 14 mil pessoas.

A notícia foi transmitida pelo próprio fundador e CEO da Tesla, Elon Musk, em um comunicado enviado aos funcionários.

“À medida que nos preparamos para nossa próxima fase de crescimento, é extremamente importante olhar para todos os aspectos para reduzir custos e aumentar a produtividade”, escreveu.

“Não há nada que eu deteste mais [que um grande corte], mas ele é necessário. Isso nos permitirá ser enxutos, inovadores e ávidos pelo próximo ciclo de fase de crescimento”, acrescentou Musk.

Ainda não está claro como se dará a onda de demissões ao redor do mundo. A montadora norte-americana tem fábricas nos Estados Unidos, na Alemanha e na China.

De acordo com o Financial Times, a Tesla pode ter problemas em países como a Alemanha, onde há maior complexidade no processo de demissão de grandes levas de funcionários.

Desaceleração esperada

O movimento da companhia americana reforça a sensação de que a corrida dos elétricos está arrefecendo em todo o mundo.

A desaceleração já parecia contratada na virada do ano, quando as projeções indicavam uma alta de 21% nas vendas dos elétricos neste ano, abaixo do crescimento de 33% no ano passado.

Os primeiros números de vendas de 2024 comprovaram essa tese.

Entre janeiro e março, a Tesla vendeu 368,8 mil carros, representando uma queda de 20% em relação ao trimestre imediatamente anterior e de 8% em relação ao mesmo período do ano passado.

A maré ruim não ficou restrita à companhia de Musk. As vendas de sua principal concorrente, a chinesa BYD, foram ainda piores no período, contraindo 42%, considerando carros 100% movidos a bateria.

Ainda assim, a Tesla tem feito movimentos dissonantes.

Por um lado, acaba de anunciar um grande corte de postos e, há algumas semanas, descartou os planos de um modelo de entrada mais barato.

Mas, em paralelo, a companhia está estudando a instalação de uma fábrica na Índia, um investimento que poderia chegar a US$ 3 bilhões, segundo o jornal Financial Times.

Mercados emergentes como Índia e Brasil podem sustentar as vendas dos elétricos neste ano.

Segundo estimativas da BloombergNEF no começo do ano, a venda em países fora da América do Norte, da Europa e da Ásia deve crescer de 547,2 mil em 2023 para 840,8 mil veículos em 2024.

Leia a íntegra do comunicado de Musk:

“Ao longo dos anos, crescemos rapidamente, com múltiplas fábricas se expandindo ao redor do globo. Com esse crescimento acelerado, houve duplicação de funções e cargos em áreas específicas. À medida que nos preparamos para a próxima fase de crescimento, é extremamente importante olhar para todos os aspectos da empresa em busca de redução de custos e aumento da produtividade.

Como parte desse esforço, realizamos uma revisão minuciosa da organização e tomamos a difícil decisão de reduzir nosso quadro de funcionários em mais de 10% globalmente. Não há nada que eu deteste mais, mas ele é necessário. Isso nos permitirá ser enxutos, inovadores e ávidos pelo próximo ciclo de fase de crescimento

Gostaria de agradecer a todos que estão deixando a Tesla pelo seu trabalho árduo ao longo dos anos. Sou profundamente grato pelas suas inúmeras contribuições para a nossa missão e desejamos sucesso em suas futuras oportunidades. É muito difícil dizer adeus.

Para aqueles que permanecem, gostaria de agradecer antecipadamente pelo trabalho difícil que está por vir. Estamos desenvolvendo algumas das tecnologias mais revolucionárias em automóveis, energia e inteligência artificial. À medida que preparamos a empresa para a próxima fase de crescimento, sua determinação fará uma enorme diferença para nos levar até lá.

Obrigado,

Elon“