Elétricos devem desacelerar (um pouco) em 2024

Ritmo de crescimento perde ímpeto nos grandes mercados – EUA, Europa e China –, mas aumenta o ritmo nos emergentes, aponta levantamento

Ilustração mostra um carro com um plugue elétrico no lugar do escapamento
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Após ter se expandido rapidamente nos últimos anos, o mercado de carros elétricos deve desacelerar em 2024.

Mas isso não quer dizer que o setor entre em marcha-à-ré, pelo contrário. Emergentes como Índia e também o Brasil devem dar novo impulso aos veículos movidos a bateria. 

A expectativa é que as vendas aumentem em torno de 21% em todo o mundo neste ano, segundo estimativas da empresa de pesquisas BloombergNEF.

É um crescimento menor que o do ano passado, quando as vendas subiram 33% e foram comercializados cerca de 13,8 milhões de automóveis elétricos ao redor do mundo.

Para esse ano, a projeção da BloombergNEF – que leva em conta elétricos movidos a bateria e híbridos plug-in – é que as unidades comercializadas cheguem a 16,7 milhões – 70% desse total deve ser de modelos 100% elétricos.

Mesmo com a ligeira desaceleração global, a expectativa é que os elétricos já representem 20% do total dos carros de passeio vendidos este ano, ante 17% no ano passado.

A BloombergNEF aponta um descompasso entre diferentes mercados e fabricantes.

Montadoras que nasceram para fabricar veículos elétricos seguem crescendo e fazendo planos de ampliação – caso da chinesa BYD, por exemplo, que ultrapassou a norte-americana Tesla no ano passado e passou à liderança em produção e vendas de carros 100% elétricos.

Já as montadoras tradicionais, que estão começando a transição dos motores de combustão interna, tendem a encarar o carro elétrico com mais cautela. 

Além do alto custo da transformação, elas reagem ao sinal dos consumidores: nos Estados Unidos, metade das concessionárias da Ford no país não demonstraram interesse em vender elétricos por causa do preço mais alto. 

O fator político não pode ser ignorado. O retorno de Donald Trump ao jogo eleitoral – com chances reais de vitória nas eleições presidenciais deste ano – faz com que as medidas de incentivos aos elétricos criadas ao longo do governo de Joe Biden entrem em xeque. Trump já se demonstrou contrário, em diversas ocasiões, ao mercado dos elétricos.

Na China, que lidera o mercado dos elétricos, as vendas devem crescer de 8,2 milhões no ano passado para 9,9 milhões neste ano. Mas mesmo no mercado chinês, o entusiasmo pelos elétricos parece mostrar os primeiros sinais de fadiga, segundo a Bloomberg.

A vez dos emergentes

Se nos grandes mercados os elétricos devem andar mais de lado ao longo deste ano, 2024 promete ser o ano do setor em países emergentes.

Nas estimativas da BloombergNEF, a venda em países fora da América do Norte, da Europa e da Ásia deve crescer de 547,2 mil em 2023 para 840,8 mil veículos em 2024, – quase dez vezes o total das vendas registradas há apenas quatro anos.

O Brasil, por sua vez, apesar de ter aumentado o imposto de importação para elétricos importados, deve começar a fabricar carros 100% elétricos no país ainda neste ano.

A BYD anunciou, ainda no ano passado, que iria fazer um investimento de R$ 3 bilhões para produzir veículos puramente elétricos no país, ocupando as antigas instalações da Ford, em Camaçari.

Outra montadora chinesa, a Great Wall Motor (GWM), também anunciou que pretende fabricar híbridos e elétricos no país ainda em 2024, em uma planta em Iracemápolis, no interior de São Paulo.