A aproximação com o cartel do petróleo rendeu ao Brasil um dos Fossil Awards desta segunda-feira na COP28. A tradicional premiação é concedida por entidades ambientalistas para os países que “fazem o máximo para conseguir o mínimo” e “dão seu melhor para serem os piores”, segundo a Climate Action Network, coalizão global de ONGs que concede a honraria.
O evento acontece no fim do dia de trabalho da conferência. O Brasil – na realidade um ambientalista representando o país – subiu ao primeiro lugar do pódio.
A entrada do país na Opep+, que veio a público no dia de abertura da conferência, marcou a passagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo encontro e jogou sombra sobre as conquistas que o país queria apresentar depois dos quatro anos da gestão Bolsonaro.
“O Brasil é o vencedor do Fóssil do Dia uma vez que eles parecem ter confundido produção de petróleo com liderança climática”, disseram os organizadores, que criticaram o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, por ter anunciado a aliança à Opep+ no primeiro dia da reunião. “A corrida do Brasil por petróleo mina os esforços dos negociadores brasileiros em Dubai, que estão tentando romper velhos impasses e agir com senso de urgência.”
“Nós não queremos um tour por campos de petróleo quando estivermos em Belém para a COP de 2025.”
Coordenador de política climática do Observatório do Clima, Claudio Angelo afirma que a redução do desmatamento em 22% em 11 meses no cargo foi uma “contribuição significativa” do presidente Lula para mitigar o aquecimento global. “Porém, com um grande poder vem uma grande responsabilidade. Não se pode liderar o Sul Global contra a crise climática investindo no produto que a provoca.”
O Brasil é o segundo agraciado com o prêmio, cujo símbolo é a ossada de um tiranossauro rex. Na cerimônia de domingo (na foto acima), a Nova Zelândia ficou em primeiro lugar por causa da decisão de retomar a exploração de petróleo e gás em alto mar.
O Japão levou a medalha de prata porque pretende manter o uso de gás em termelétricas a gás com uma mistura de hidrogênio de baixo carbono, uma tática de greenwashing, segundo os juízes.
O bronze foi para os Estados Unidos, que se comprometeram a repassar somente US$ 17,5 milhões para o fundo de perdas e danos climáticos, ao mesmo tempo em que envia US$ 60 bilhões para a Ucrânia e US$ 38 bilhões para Israel em ajuda militar.