Governo lança plataforma para conectar projetos verdes e investidores

Objetivo é acelerar empreendimentos alinhados à economia de baixo carbono; setores prioritários incluem biocombustíveis e eletricidade limpa

Governo lança plataforma para conectar projetos verdes e investidores
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O governo federal lançou nesta quarta-feira uma plataforma com o objetivo de cadastrar projetos verdes e conectá-los com fontes de financiamento públicas ou privadas.

O programa tem três áreas principais de atenção: soluções baseadas na natureza e bioeconomia, indústria e mobilidade, e energia.

A ideia é que projetos que se encaixem em um desses guarda-chuvas façam submissões por meio da plataforma para que sejam compartilhados com uma rede de instituições financeiras que inclui bancos multilaterais de desenvolvimento e fundos de investimento, por exemplo.

Combustíveis sustentáveis, recuperação de vegetação nativa, aço e alumínio de baixo carbono e eólicas offshore são algumas das prioridades do programa, cujo nome oficial é Plataforma Brasil de Investimentos Climáticos e para a Transformação Ecológica, ou BIP, na sigla em inglês.

Além da atividade fim, há outras quatro exigências para os projetos, segundo informações publicadas no site do Ministério da Fazenda:

. Alinhamento com os planos de transição nacionais, como o Nova Indústria Brasil ou o Plano de Transformação Ecológica;

. Impacto climático significativo, via redução ou sequestro de gases de efeito estufa;

. Necessidade de capital relevante e também de apoio da plataforma para levantá-lo; e

. Benefícios sociais além do impacto ambiental.

Podem se inscrever no BIP iniciativas privadas ou públicas (como a transição climática de Estados ou cidades). Alguns projetos em andamento foram usados como teste para os critérios de seleção do pipeline da plataforma.  

Entre eles estão uma fábrica de fertilizantes à base de hidrogênio verde da Atlas Agro em Minas Gerais, uma planta da Acelen para produzir combustível verde de aviação feito de óleo de macaúba e polos industriais da Vale para descarbonizar a siderurgia.

Todos esses empreendimentos ainda aguardam a decisão final de investimento.

Nova fase

O programa é “a conclusão de um processo de estruturação de nossos marcos regulatórios e financeiros para investimentos verdes. Da mesma forma, é o início de outro processo, de uma nova onda de investimentos”, afirmou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em comunicado.

Karen Silverwood-Cope, diretora de clima da ONG WRI Brasil, afirmou em nota que a iniciativa é um passo na direção certa – com uma ressalva.

“Outras plataformas semelhantes, como da África do Sul e Indonésia, não alcançaram a escala esperada. Sem uma coordenação eficiente, essas iniciativas correm o risco de se perder em processos longos e ineficazes”, disse ela.

A plataforma BIP foi anunciada num evento realizado em Washington, com a presença de Haddad e Marina Silva (Meio Ambiente).

Também esteve presente Mark Carney, líder do Gfanz, uma coalizão que reúne instituições financeiras globais comprometidas com a neutralidade de carbono de seus negócios até 2050.

As diretrizes da plataforma ficarão a cargo de um comitê gestor composto por quatro ministérios: Fazenda, Meio Ambiente, Indústria e Comércio e Energia.

O BNDES fica responsável por suporte administrativo e pela coordenação com as instituições financeiras.

Foram disponibilizadas uma apresentação executiva da plataforma e uma lista das informações necessárias para o envio de projetos.