Agroflorestas para recuperação de terras degradadas. Inteligência artificial para resolver o déficit de letramento. Adiantamento de pagamento para trabalhadores precarizados.
Startups que trouxeram essas soluções para a sociedade estão entre as finalistas da 20ª edição do Prêmio Empreendedor Social, promovido pela Fundação Schwab (ligada ao Fórum Econômico Mundial) e o jornal Folha de S. Paulo.
As três concorrem na categoria Inovadores Sociais do Ano com seus fundadores: Belterra Agroflorestas com Valmir Ortega, Trampay com Jorge Júnior e Letrus com Luis Junqueira e Tiago Rached.
E o Reset acompanha cada uma delas desde o berço.
O prêmio tem como objetivo destacar iniciativas que lidem com alguns dos problemas mais urgentes que o mundo enfrenta. Para um país como o Brasil, com altos índices de desigualdade social e emergências climáticas, soluções sociais e ambientais foram os destaques da premiação deste ano.
A Belterra Agroflorestas, que restaura áreas degradadas combinando vegetação nativa e produtos agrícolas de valor comercial, nasceu dentro do Fundo Vale. O fundador Valmir Ortega (à esquerda na foto), que já prestava consultorias para o fundo e é presidente da startup, diz que a degradação não é meramente a derrubada da vegetação nativa.
“Além da questão ambiental, a floresta que vira pasto não gera renda capaz de tirar as pessoas da pobreza”, afirmou em entrevista. Os avanços da startup são uma prova de que o negócio do reflorestamento no Brasil atrai cada vez mais interesse e capital – e está ganhando tração.
Já o problema de interpretação de texto é a dor que a Letrus, e Junqueira e Rached (no centro da foto), tenta resolver. Fundada em 2015, a startup usa a tecnologia para tentar resolver uma dura realidade do país, onde 89% das pessoas não são plenamente letradas (o que é diferente de alfabetização).
E contou com a força de uma dupla de prêmios Nobel para isso. O J-PAL — laboratório de combate à pobreza fundado pelos professores do MIT Abhijit Banerjee e Esther Duflo, laureados em Economia em 2019 — validou o efeito pedagógico do modelo da companhia.
Outro problema social contemplado pelo prêmio foi o da precarização do trabalho de entregadores de aplicativos. A Trampay nasceu de uma constatação sobre as finanças desses trabalhadores: há um problema de acesso rápido a dinheiro.
Os cofundadores viam diariamente entregadores se dirigirem a uma operadora logística que presta serviços para aplicativos para pegar ‘vales’ e a partir disso resolveram desenvolver uma solução: uma conta que antecipa os pagamentos dos apps. “Muitos moram na periferia, vêm trabalhar no centro e não têm R$ 50 para colocar gasolina. Então essas empresas tinham de fornecer vales para que eles pudessem começar a trabalhar”, contou Ribeiro ao Reset.