Ore e JGP-BB Asset vão gerir fundo bilionário para minerais da transição

Investidores-âncora, Vale e BNDES colocarão até R$ 250 milhões cada no veículo; minérios para eletrificação e agro são o foco

Rochas que ontêm lítio
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Reunidas num consórcio, as gestoras Ore Investments e a joint-venture entre JGP e BB Asset (ainda sem nome definido) foram as escolhidas para administrar um fundo de investimentos focado nos chamados minerais críticos para a transição energética.

Vale e BNDES, que idealizaram o fundo em conjunto com o Ministério das Minas e Energia, colocarão até R$ 250 milhões cada um no veículo. O objetivo é captar ao menos R$ 1 bilhão.

Os gestores terão o mandato de investir em empresas donas de direitos de exploração de minerais como cobalto, cobre, lítio, níquel e terras raras, usados na produção de baterias como as que equipam os carros elétricos.

Outro objetivo será a exploração de fosfato e potássio, usados como adubo, e também rochas remineralizadoras, que podem ser trituradas e usadas como fertilizantes. Esse “pó de rocha” também aumenta o sequestro de carbono pela agricultura, com o potencial de geração de créditos de carbono.

O Fundo de Minerais Estratégicos poderá investir tanto em minas que estejam em operação quanto em fase de desenvolvimento e implementação. Projetos de pesquisa geológica também são elegíveis.

A expectativa é que os recursos sejam aportados em até 20 negócios.

Trata-se do primeiro fundo do BNDES dedicado à mineração. “A exploração sustentável dos minerais críticos será fundamental para colocar o Brasil na liderança global da transição energética”, afirmou o presidente do banco, Aloizio Mercadante, em nota.

“Vale do lítio”

O lítio simboliza a corrida pelos minérios necessários para a eletrificação. O minério é um dos principais ingredientes das baterias recarregáveis usadas em eletrônicos e em carros.

O entusiasmo com os compromissos de transição das montadoras tradicionais para modelos elétricos, somado a regras que proibirão a venda de novos carros com motores a combustão já no fim desta década em alguns países europeus, levaram o valor do lítio à estratosfera em 2022.

Desde então, porém, o cenário mudou. As vendas dos carros a bateria perderam o

ímpeto (com exceção da China), e os preços do minério despencaram: uma tonelada de lítio hoje é negociada por menos de um quarto do valor registrado há um ano.

Apesar do sobe-e-desce, ainda há interesse no desenvolvimento de novas jazidas. A região do Vale do Jequitinhonha, no norte de Minas Gerais, tem grandes reservas e foi batizada de “Vale do Lítio”.

A Sigma Lithium, que começou a prospecção há quase uma década, foi a primeira a conseguir produzir volumes comerciais para exportação. No fim de agosto, a companhia recebeu R$ 487 milhões do BNDES para expandir sua produção de 270 mil toneladas por ano para 520 mil toneladas.

A australiana Latin Resources, cujas reservas ficam muito próximas das da Sigma, foi adquirida em meados de agosto pela Pilbara Minerals, também da Austrália. A Latin Resources ainda não começou a extração do lítio.

Comentando o negócio, Dale Henderson, CEO da Pilbara, afirmou que o mercado é volátil, mas as projeções apontam um enorme déficit no final da próxima década.

*Atualização às 10h02: O fundo tem como objetivo mínimo, não máximo, captar R$ 1 milhão. A informação foi corrigida no texto e no título.