BB Asset e JGP anunciam nova gestora focada em ESG

Casa quer atrair investidores brasileiros e estrangeiros para financiamento de projetos ligados à transição verde

Boom de investimentos verdes no Brasil depende de compromisso claro com o retorno ao grau de investimento, escreve Winston Fritsch
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A BB Asset, do Banco do Brasil, e a JGP anunciaram na manhã desta segunda-feira a criação de uma nova gestora focada em investimentos sustentáveis. O objetivo é impulsionar o financiamento de projetos que atendam a critérios ESG (ambientais, sociais e de governança).

A ideia é que a nova empresa una a capacidade de distribuição do BB com a experiência da JGP na área de finanças sustentáveis – a empresa do Rio de Janeiro é uma das pioneiras do país no tema.

“A intenção é criar a primeira gestora brasileira orientada para o segmento ESG para atuar em diferentes segmentos de fundos, como crédito líquido e estruturado, ações, private equity e agronegócio, entre outros”, afirmam as instituições em comunicado.

A nova gestora quer atrair especialmente investidores internacionais, pois o Brasil “tem todas as condições de ser protagonista ofertando ativos para a transição ecológica”, disse em comunicado o CEO da BB Asset, Denísio Liberato.

O volume de recursos necessário para lidar somente com os desafios da mudança climática são calculados em trilhões de dólares, e uma parte significativa desses investimentos serão realizados em países emergentes e em desenvolvimento.

A aspiração da nova casa é ser a “maior gestora sustentável do Sul Global”, segundo os sócios. “Fatores como a enorme biodiversidade, amplas regiões inseridas em economias verdes, empresas pioneiras em energia renovável e um sofisticado mercado de capitais dão ao país uma condição privilegiada”, afirma Alexandre Muller, sócio da JGP, em nota.

Parceria estratégica

O acordo comercial, que as gestoras chamam de parceria estratégica, envolve um instrumento de dívida conversível em ações. Não foi divulgada a participação de cada um dos sócios.

O nome da nova casa ainda não foi definido. Ela nasce com três produtos que migram da JGP. As demais ofertas de sustentabilidade de BB Asset e JGP permanecem inalteradas e sob a gestão das respectivas casas.

Também não foi divulgada uma meta de captação para a parceria. Os sócios afirmam apenas que ela dará contribuição importante para que o BB atinja seu compromisso de superar R$ 20 bilhões em fundos sustentáveis até 2030.

Para acessar os recursos do exterior, a nova gestora vai utilizar a estrutura internacional da BB Asset, maior gestora do Brasil, e o time da JGP, “que conta com ampla rede de relacionamentos”.

Liberato, da BB Asset, tinha um histórico de interações com a JGP da época em que era da Previ. Eles conversavam sobre engajamento ESG do fundo de pensão dos funcionários do BB com as empresas. O relacionamento ajudou a azeitar o negócio.

Márcio Correia, gestor dos fundos de ações da JGP, e Alexandre Muller, da área de crédito, vão dividir suas funções atuais com atribuições na nova casa.

José Pugas, responsável pela área de sustentabilidade da JGP, vai para a nova gestora junto com a equipe de inteligência da casa carioca.

Olhos voltados ao Brasil

Existe um interesse crescente dos estrangeiros pelas oportunidades no país, especialmente climáticos.

Só na União Europeia, estima-se que um bolo de US$ 5 trilhões tenha de se enquadrar nas regras de sustentabilidade do bloco, o que em muitos casos significa buscar no exterior oportunidades que atendam às demandas do regulador.

O Brasil seria um dos destinos naturais desses recursos, mas há entraves importantes a superar, como o risco-país e a volatilidade do câmbio.  

Um acordo fechado na COP28 entre o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Ministério da Fazenda pode ajudar a lidar com o segundo ponto.

Projetos de reflorestamento, infraestrutura resiliente à mudança climática, transição energética, hidrogênio verde e agricultura de baixo carbono poderão utilizar um mecanismo que baratearia os custos do hedge cambial.