A Vale anunciou um acordo com a startup francesa Gravithy para estudar a produção na França de seus briquetes de ferro com baixa emissão de carbono.
A ideia envolve a criação de unidade para produzir os briquetes, uma espécie de aglomerado do minério de ferro, junto à planta que a Gravithy pretende erguer na cidade de Fos-sur-Mer, na costa mediterrânea do país.
O negócio da startup é produzir ferro metálico com uma tecnologia alternativa à dos altos-fornos. Em vez de fazer a redução (ou purificação) do minério de ferro com carvão, a Gravithy vai utilizar esses aglomerados e hidrogênio verde num processo chamado de redução direta.
O produto resultante é então vendido para siderúrgicas, que o transformarão em aço. Como não há queima de carvão na cadeia – a etapa em que acontece a grande maioria das emissões de CO2–, o obtém-se o que vem sendo chamado de aço verde.
Produzir os briquetes na Europa em vez de exportá-los do Brasil faria sentido para a Vale porque a planta da Gravithy terá demandas específicas, diz o CEO da startup, o brasileiro José Noldin.
“Essa produção integrada faz sentido do ponto de vista logístico e também da pegada de carbono. Os briquetes podem ser produzidos aproveitando o calor residual da nossa usina”, afirma Noldin. “A otimização da energia será chave para a descarbonização da siderurgia.”
Tanto a produção de briquetes quanto a aproximação física da mineradora com seus clientes fazem parte da estratégia net zero da Vale. A produção do aglomerado representa uma redução de cerca de 80% nas emissões em comparação com as tradicionais pelotas.
A atuação de forma mais integrada com os clientes também é analisada em regiões como o Golfo Pérsico, onde há muitos investimentos em aço de baixas emissões e grande potencial de produção de hidrogênio verde.
Para atingir a neutralidade em carbono em 2050, a empresa vai depender em grande medida do que acontece além dos seus muros. A Vale mantém conversas com mais de 30 clientes, responsáveis por 50% de seu escopo 3, nome dado às emissões da cadeia de valor.
A meta anunciada é reduzir 15% das emissões de escopo 3 até 2035.
Anunciada no ano passado, a Gravithy acaba de concluir os primeiros estudos de viabilidade técnica e ambiental. Agora a empresa vai começar a captar uma rodada série A de cerca de € 70 milhões, afirma Noldin.
O plano é começar a construção da planta em 2024 e a produção em 2027. O investimento total deve ser de € 2,2 bilhões.