Braskem quer produzir plástico verde nos Estados Unidos 

Petroquímica espera começar a fabricar em escala comercial em 2026; polipropileno seria feito a partir do etanol de milho

Fábrica de biopolímeros da Braskem
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A Braskem iniciou estudos e está procurando parceiros para colocar em operação uma fábrica de polipropileno (PP) de origem renovável nos Estados Unidos — segundo a própria companhia, a primeira em escala industrial do mundo. 

Num comunicado lacônico ao mercado, a petroquímica disse ontem que iniciou estudos para realizar o investimento de valor não revelado via a subsidiária Braskem América. 

O plano é começar a produzir comercialmente a partir de 2026, segundo fontes ouvidas pelo Reset, numa nova unidade contígua à sua planta de PP fóssil na Pensilvânia. 

A escala, a princípio, seria semelhante à da unidade de polietileno verde que opera no Brasil. A fábrica, pioneira em resinas renováveis, produz cerca de 200 mil toneladas por ano a partir de etanol de cana de açúcar, com a marca I’m green. 

O plástico verde da Braskem está em 600 produtos de 200 marcas diferentes, de solados de sapato a sacos de lixo, passando por embalagens para cosméticos, alimentos e brinquedos.

A ideia com a planta de PP verde é abastecer não só o mercado americano, mas também de exportação.

A matéria-prima será o etanol de milho, e a petroquímica já começou a organizar sua cadeia de fornecimento. O compromisso é fazer um plástico “carbono negativo”, considerando o carbono absorvido pelas plantas durante o seu crescimento.

A empresa busca clientes e marcas interessadas em desenvolver produtos a partir da resina.

Procurada, a Braskem não quis comentar.

Dados divulgados pela Conferência Europeia de Bioplásticos no ano passado mostram que a capacidade mundial total de produção dessas alternativas ao plástico tradicional era de 2,2 milhões de toneladas, entre aqueles de fonte renovável, mas não biodegradáveis (como é o caso do produto da Braskem) e biodegradáveis. A estimativa é que a produção cresça 23% ao ano nos próximos cinco anos.. 

Uma cisão do braço de plásticos verdes da Braskem já está em estudo há alguns anos, com a busca de um sócio para capitalizar o que pode ser uma futura expansão mais agressiva deste negócio. 

Mas, além de um mercado mais avesso a risco de operações em fase inicial, a Braskem está num arrastado processo de venda por parte dos controladores Novonor (ex-Odebrecht) e Petrobras. 

Diversificando 

A nova planta de biopolímeros está dentro da estratégia da Braskem de diversificar seu uso de matérias-primas, num momento em que os clientes adotam estratégias de descarbonização, e os plásticos, especialmente os de uso único, vêm cada vez mais sendo alvo de escrutínio regulatório. 

A companhia é hoje uma das líderes em produção de resinas termoplásticas das Américas, com produção de mais de 10 milhões de toneladas anuais de origem fóssil. 

Além de expandir e fortalecer sua linha de plásticos de origem renovável, a companhia também vem apostando no mercado de resinas recicladas. 

Em agosto do ano passado, a Braskem anunciou a compra da Wise Plásticos, maior produtora de resina plástica pós-consumo reciclada para a indústria de cuidados pessoais e limpeza do Brasil. 

A meta da petroquímica é chegar à produção de 1 milhão de toneladas de plástico reciclado ao ano até 2030.