A Volkswagen anunciou na manhã de hoje uma parte essencial de sua transformação elétrica: começaram as obras da primeira de seis fábricas de baterias na Europa, um investimento de mais de US$ 20 bilhões até o fim da década.
Batizado de Missão SalzGiga, um trocadilho com Salzgitter, cidade onde fica a planta, o projeto envolve a criação de uma nova unidade de negócios dedicada às baterias. Segundo a companhia, esse componente vai concentrar o maior valor agregado dos carros elétricos.
Uma das inovações da Tesla, maior fabricante de carros puramente elétricos do mundo, foi justamente o controle sobre a produção de várias partes de seus veículos, especialmente as baterias.
A ideia é que a PowerCo, nome do negócio de baterias da Volks, se ocupe de toda a cadeia, dos metais usados como matérias-primas até a reciclagem das baterias no fim de sua vida útil.
“Vamos lidar com todas as atividades relevantes dentro de casa e obter uma vantagem competitiva estratégica na corrida pela liderança da mobilidade elétrica”, afirmou Thomas Schnall, responsável pela área de tecnologia da VW.
A nova fábrica de Salzgitter , que fica ao lado de uma unidade onde já foram produzidos quase 65 milhões de motores a combustão, deve começar a produzir em 2025.
A planta ocupa uma área equivalente a 30 campos de futebol e sua produção vai ser suficiente para equipar até 500 mil carros por ano.
Mais de mil funcionários já foram treinados para ocupar novas funções. “Mesmo que, no futuro, os motores convencionais parem de sair das linhas de produção, haverá empregos suficientes”, afirmou a companhia em um vídeo de apresentação das instalações. O plano é que mais 5 mil vagas seja abertas nos próximos anos.
Mudanças no berço da indústria
A história dos motores tradicionais se confunde com a da indústria automobilística alemã. O país foi um dos que mais resistiram à proibição de venda de novos carros movidos a combustíveis fósseis na União Europeia a partir de 2035.
A cadeia de suprimentos dos veículos elétricos é dramaticamente diferente das dominadas hoje pelas montadoras. Além do papel crucial desempenhado pelas baterias – incluindo o custo e a complexidade técnica –, existe o temor de uma grande ruptura no setor de autopeças, um dos mais importantes da economia alemã.
O primeiro-ministro do país, Olaf Scholz, discursou no evento de apresentação da nova fábrica.
“Alguns olham com preocupação para a magnitude da tarefa. Será que vai tudo acabar bem para mim, para minha família?”, disse o premiê.
“É por isso que quero dizer: sim, pode e vai acabar bem, desde que não fiquemos presos ao passado e aceitemos com coragem o desafio do novo.”