Sustentabilidade à la Masterchef
A rede de empanadas argentinas La Guapa, da chef Paola Carosella, levantou R$ 50 milhões para expansão com o discreto fundo brasileiro Concept Investimentos. Em entrevista à Exame, que noticiou o aporte em primeira mão, Paola fala sobre sua receita de fazer negócios — formalizado em acordo com os novos acionistas –, que inclui comprar de pequenos produtores, mesmo a preços mais altos, e garantir boas condições de trabalho e diversidade na equipe.
(Nota das editoras: ok, talvez não seja um negócio de ‘impacto’ na definição estrita do termo, em que a empresa nasce com a intencionalidade de resolver um problema social ou ambiental. Mas num mundo que maximiza o lucro a qualquer custo, é no mínimo uma ótima prática ESG.)
E para a sobremesa….
De onde vem seu chocolate? Um estudo feito pelo Instituto Floresta Viva, reportado pelo Valor, desenhou o perfil médio dos produtores de cacau do litoral sul da Bahia, maior região produtora do país. O resultado traz um gosto amargo: eles têm renda de até dois salários mínimos, mais de 50 anos, são donos de áreas pequenas em terras pouco regulamentadas e não tem crédito nem assistência técnica.
Outra reportagem, do Financial Times, mostra que as principais produtoras de chocolate e traders de cacau no mundo, estão avançando na rastreabilidade da cadeia de fornecedores diretos, mas, num problema comum na indústria de commodities agrícolas, ainda falham quando a questão são os indiretos. Aqui, a principal questão, além do desmatamento, é o trabalho escravo.
Sinal dos tempos
Em mais um dos inúmeros sinais da velocidade da transição energética, nesta semana, a NextEra, maior geradora de energia eólica e solar do mundo, passou a valer mais que a petroleira Exxon, que já foi dona do título de maior empresa pública do planeta. Outra reportagem da Bloomberg traz documentos vazados que mostram como a Exxon está deliberadamente aumentando a emissão de gases de efeito estufa, ao aumentar sua produção.
Contraponto
Com o avanço exponencial dos investimentos ESG, vem crescendo também o ceticismo de parte do mercado — mesmo para quem quer avançar na pauta, é importante ouvir os críticos. Em um artigo escrito para a Bloomberg Opinion, Jared Dillian, ex-trader que assina uma newsletter para o mercado financeiro afirma que o ESG pode ser apenas mais uma “bolha do mercado acionário”. Como ‘libertário’, ele até admite que gosta do incentivo de mercado que investimentos ESG tem contra ativos como combustíveis fósseis, mas diz que a tese é mais uma ‘profecia autorrealizável’, mas de vida curta, inflada pela alta liquidez do mercado.
Assim falou Bill Gates
Num pequeno spoiler do livro sobre mudança climática que deve lançar no começo do ano, o empresário e filantropo Bill Gates fez um artigo defendendo os ‘prêmios verdes’ — o valor extra cobrado por tecnologias limpas — como um imperativo central para dar fôlego a inovações que combatam o aquecimento global. É claro que o caminho de longo prazo é baratear essas tecnologias, mas, se você tem condições de pagar mais, diz o empresário, “é um jeito poderoso de contribuir”
Outras leituras
- Líderes empresariais veem democracia em recessão e criticam Bolsonaro (Valor)
- Closet do futuro: como a moda circular e colaborativa deve engolir o mercado (Marie Claire)
- Mês recorde leva emissão de green bonds a ultrapassar a marca de US$ 1 tri (BNEF)
- Investidores cobram Samsung por US$ 14 bilhões em financiamento a carvão (FT)
- Muito além da cerveja: Ambev investe em startup de energia limpa (Neofeed)
- Projeto da Engie no PR é suspenso na Justiça (Valor)
- Nenhuma empresa de combustíveis fóssil está efetivamente alinhada com o Acordo de Paris (FT)