Storebrand, a asset que pressiona Brasil por Amazônia, agora exclui petroleiras da carteira

Storebrand, a asset que pressiona Brasil por Amazônia, agora exclui petroleiras da carteira
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A norueguesa Storebrand, mesma asset que liderou o engajamento dos investidores estrangeiros contra o desmatamento na Amazônia em julho, anunciou nesta segunda-feira que na sua nova política de investimentos não há espaço para petroleiras como Exxon e Chevron. E nem para empresas do setor de carvão.

A Storebrand Asset Management, maior gestora da Noruega, com US$ 91 bilhões sob gestão, quer intensificar o uso do capital para a transição rumo à economia verde e com isso mitigar os efeitos das mudanças climáticas. E começou a tomar medidas práticas para alcançar o objetivo.    

Ao todo 27 empresas já foram desinvestidas. A asset explicou o motivo para cada uma delas.

As petroleiras Exxon e Chevron, junto à química BASF e a mineradora Rio Tinto atuam no lobby contra o Acordo de Paris e as regulações climáticas. Não exatamente pelo lobby, mas pela atividade petroleira em si, Conoco Phillips, dos EUA, e Husky Energy, do Canadá, foram excluídas.

Companhias com mais de 5% da renda vinda do setor de carvão também estão sendo banidas. Já são 19 as empresas excluídas do portfólio por esse motivo.

“Nós temos um papel fundamental de acelerar a descarbonização da economia global”, disse o CEO Jan Rick Saugestad. Hoje, a gestora gerencia fundos de pensão e seguros de mais de 40 mil empresas e 2 milhões de clientes individuais. 

A gestora monitora as articulações de cada companhia, atenta ao tipo de organização de que fazem parte e quanto de recursos investem em assuntos relacionados às questões climáticas. Esse monitoramento pesa na decisão pelo desinvestimento.

Tanto Exxon quanto Chevron afirmam investir em tecnologia para reduzir suas emissões. A Exxon diz estar focada no duplo desafio de manter em expansão a oferta de energia enquanto minimiza os impactos e os riscos climáticos, informa a Bloomberg.

O diálogo faz parte da política da Storebrand, que pretende conversar e estimular as companhias a fazer a transição para as matrizes com baixa emissão de carbono e iniciativas mais verdes para a economia.

Mas novos desinvestimentos podem acontecer em empresas que forem na contramão do Acordo de Paris e não atuarem para preservar a capacidade da natureza de absorver o carbono da atmosfera. “Parar o desmatamento é a principal meta aqui”, informa o comunicado da asset. 

Na ponta, o investidor poderá sentir a mudança nos seus portfólios. A ideia da gestora é entregar produtos mais sustentáveis e um conjunto de fundos com empresas de baixa emissão de carbono na cadeia. 

A lista de empresas das quais a asset saiu recentemente devido à nova política climática não traz nomes brasileiros. Mas companhias locais já foram banidas da carteira da Storebrand antes, por motivos variados, como Vale, JBS, Eletrobras e Gerdau.

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