Numa prévia do que será o seu novo plano estratégico, a Petrobras comunicou hoje ao mercado que irá ampliar a fatia dos investimentos que será destinada a projetos de baixo carbono. No lugar dos 6% planejados até 2027, a estatal se prepara para alocar entre 6% e 15% dos investimentos neste segmento no período de 2024 a 2028.
A nova versão completa do plano estratégico para o próximo quadriênio deve ser divulgada em novembro. Por ora, a revisão se baseou na proposta de mudança de elementos estratégicos apresentada em março pelo presidente da estatal, Jean Paul Prates, e pela diretoria. Entre elas, o “foco em ativos rentáveis de exploração e produção, com descarbonização crescente das operações da empresa e de seus fornecedores” e a “busca pela transição energética justa”.
A ação da Petrobras (PETR4) subiu 3,22%, acima da alta de 2,06% registrada pelo Ibovespa no dia.
Não porque os investidores tenham aprovado a ampliação da aposta na descarbonização, mas porque temiam que a empresa destinasse uma fatia ainda maior dos recursos para este fim, com potencial de alcançar menor retorno e, assim, reduzir a distribuição de dividendos. Ou seja, acharam que a conta saiu barata.
Um aumento significativo das despesas de capital (capex, na abreviação em inglês) da estatal é uma das principais preocupações de investidores sob a nova administração, aponta o Goldman Sachs em relatório. Na avaliação do banco, o limite de 15% voltado para renováveis traz uma redução de risco para as ações da Petrobras.
Sem prever que haja redução de investimentos em outras áreas e considerando que a companhia “dê seu melhor” para alcançar o percentual máximo destinado para projetos de baixo carbono, com esse reajuste os investimentos totais da empresa devem aumentar em cerca de 11% nos próximos quatro anos, estima o Itaú BBA.
“Lembre-se que os atuais 6% de capex de baixo carbono pressupõem US$ 4,4 bilhões alocados a: i) iniciativas de descarbonização das operações (US$ 3,7 bilhões); ii) iniciativas de biorrefino (US$ 0,6 bilhão); e iii) pesquisa e desenvolvimento (US$ 0,1 bilhão)”, destacam os analistas do banco em relatório.
A estatal também passou a incluir a ideia de transição energética no texto da sua visão de negócio. A empresa, no entanto, considerou entre as potenciais atividades de baixo carbono produtos petroquímicos e fertilizantes, que hoje são produzidos de maneira altamente poluente.
Tanto Itaú BBA quanto Goldman Sachs enxergaram na menção a produtos petroquímicos um sinal de que a empresa pode estar considerando ampliar sua fatia na Braskem, que hoje é de 36%. A Novonor (antiga Odebrecht) tem interesse em vender suas ações na petroquímica.
(Crédito da foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)